O que começou como uma celebração matrimonial terminou com uma operação policial de grande envergadura. No passado sábado, a Polícia Nacional espanhola desmantelou parte da estrutura do grupo neonazi Suburbios Firm ao deter 14 dos seus membros logo após o casamento do seu líder, conhecido como "El Ratilla". A operação, que contou com o apoio da Brigada Provincial de Informação da Superintendência da Polícia Nacional de Madrid, tinha como alvo suspeitos de “tráfico de drogas e associação ilícita”, revelou o jornal "El Confidencial".
Após a celebração religiosa do casamento de 'El Ratilla' na paróquia de San Esteban Protomártir "os agentes aproveitaram a reunião de dezenas de membros da Suburbios Firm para executar o plano de captura”, adianta o "El Confidencial", evitando que o líder escapasse antes da lua de mel. Os detidos foram conduzidos às instalações centrais de Canillas, em Madrid, onde permanecem sob custódia até serem ouvidos por um juiz. O processo, refere a mesma publicação, "corre sob segredo de instrução decretado por um tribunal de Pozuelo de Alarcón".
De acordo com uma investigação do "El Español", "El Ratilla é o atual líder do Suburbios Firm, uma dissidência radical da Frente Atlético, expulsa devido à extrema violência e a disputas internas no seio da claque". O mesmo jornal recorda que o grupo ganhou notoriedade em setembro de 2021, quando participou numa manifestação homofóbica em Chueca, em Madrid, onde se ouviram cânticos como “fora maricas dos nossos bairros”.
O "El Confidencial" sublinha que a investigação decorria "há vários meses" e que o casamento foi considerado a oportunidade ideal para neutralizar a cúpula da organização. As imagens do enlace, partilhadas nas redes sociais, mostram convidados a lançar fogo de artifício e a cobrir rostos com um desenho de Adolf Hitler semelhante a um emoji — uma figura que, segundo os investigadores, é "venerada" no grupo.
Ao ser detido com a esposa, El Ratilla somou mais um episódio simbólico à sua biografia marcada por violência e extremismo. Para as autoridades espanholas, a operação representa "um golpe importante contra o ultra nacionalismo violento conjugado com atividades criminosas", sintetiza o "El Confidencial".