Chegado a Lisboa depois de dois anos no Governo espanhol — foi secretário de Estado para a Iberoamérica, as Caraíbas e o Espanhol no Mundo —, o jurista, diplomata e escritor Juan Fernández Trigo tem 65 anos e dedica-se também à ficção literária. Com títulos publicados como “El amante casual”, “La ambición del botarate” ou “Boquerones en Brooklyn”, nenhum deles publicado em português, o novo representante do país vizinho garante que a vida real o inspira, mas não aparece nas páginas das suas obras. Aprecia em Portugal a serenidade, a sensibilidade para as artes e as figuras que asseguraram a democracia no último meio século.
Além de embaixador, é um escritor com romances que vão do policial ao erótico, passando por histórias de diplomatas. Estes dois percursos são paralelos ou tocam-se?
É verdade que há uma tradição de diplomatas escritores. Creio que se deve, em parte, a que escrever foi, tradicionalmente, uma das capacidades que um bom diplomata deve ter. Agora talvez menos, os meios de comunicação são menos dados a uma escrita pausada. Às vezes assoberba-me a ideia de dizer que sou escritor. Prefiro dizer que escrevo. Esta profissão permite ter experiências diferentes, vai-se a muitos lugares, conhece-se muita gente, e isso sugere ideias. E como não jogo golfe nem ténis, ocupo o tempo livre a escrever. Mas nem sempre consigo… agora, por exemplo, tenho um romance a meio desde a pandemia.