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Expresso

Mind the Vote

Mind the Vote #19 Há trabalhistas que acham que Hitler tinha razão e mais mentiras sobre o impacto do Brexit na Irlanda do Norte

O voto útil está a dominar cada vez mais a campanha eleitoral do Reino Unido. Esta sexta-feira, mais um dia em que o tema do antissemitismo não largou o Labour, o ex-primeiro-ministro Tony Blair aconselhou “inteligência” no voto e o ex-primeiro-ministro 'tory' John Major rebelou-se contra os seus e pediu voto útil para evitar o Brexit, ou seja, um voto em qualquer partido que possa impedir os conservadores de chegarem à maioria

Ana França

Afinal o que é que se vai passar mesmo na Irlanda do Norte depois de consumado o ‘Brexit’? Boris Johnson disse que sabia e que seria, resumidamente, nada de novo. Mas talvez não seja bem assim. O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, desembainhou esta sexta-feira um trunfo, quando falta menos de uma semana para as eleições gerais de 12 de dezembro: há um relatório, escrito pelos próprios funcionários do Ministério das Finanças, que parece afirmar com todas as letras que a economia da Irlanda do Norte vai sofrer - e não é pouco - com o acordo assinado entre Johnson e Bruxelas e que o primeiro-ministro promete fazer aprovar meras horas depois de (ou se) eleito para o número 10 de Downing Street.

Corbyn disse aos jornalistas, em Londres, que o relatório é “uma prova concreta” de que Johnson “esteve sempre a enganar as pessoas” sobre a exequibilidade do seu acordo do ‘Brexit’. O documento confidencial, intitulado “Protocolo da Irlanda do Norte: acesso irrestrito ao mercado interno do Reino Unido”, diz, por exemplo, que a maioria dos produtos de uso diário verá o preço subir, o que provavelmente vai afetar os lucros das empresas que os produzem.

Apesar de ter prometido que não vão existir barreiras alfandegárias entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte após o ‘Brexit’, este relatório parece dizer quase o oposto ao afirmar que “um certo nível de verificações” será imposto e que o custo de implantar essas novas verificações será bastante oneroso para algumas empresas com margens mais magras de lucro. “Se é assim que Johnson define um bom acordo para a Irlanda do Norte, o que será que reservou para o resto de nós?”, perguntou Corbyn na conferência de imprensa em que apresentou o documento. “The Guardian” tem o documento completo para consulta, uma leitura assustadora para qualquer empresa norte-irlandesa. Um dos pontos em destaque na coluna “potenciais impactos” diz que 98% das pequenas e médias empresas da Irlanda do Norte terão de contar com “dificuldades” em absorver os custos de uma possível barreira alfandegária.

Esta foi uma das grandes histórias do dia. A outra foi a mesma de outros dias, particularidade que não lhe retira importância nem gravidade. Os comportamentos chocantes de alguns ativistas trabalhistas contra a comunidade judaica são a maior mancha sobre o partido em muitos anos. Mais de 70 atuais e antigos membros da estrutura do Labour testemunharam nos últimos meses perante a Comissão de Igualdade e Direitos Humanos e as histórias que contam de dentro do partido não são de embalar. Um dos entrevistados listou 22 exemplos de abuso antissemita em reuniões do partido. Chamaram-lhe “assassino de crianças”, “escória sionista”, “judeu tory”, além de ter sido informado de que “Hitler estava certo”. Outro membro testemunhou, numa reunião do partido, uma conversa entre dois militantes, um dos quais dizia existir uma “hiper-representação de judeus na classe capitalista dominante” e que o dinheiro dá ao “lóbi sionista-israelita o seu poder”.

As acusações chegam a envolver um ex-candidato a deputado que, alegadamente, tentou “reconfortar” um colega judeu que tinha acabado de ser afastado do seu lugar no Labour (por razões que agora também são colocadas em causa) com as palavras: “Agora já podes ir para casa contar as tuas notas”.

Foto do dia

Hoje foi o dia em que ficámos a saber que “ponto morto” se diz “neutral” em inglês, a julgar pela imagem que aqui se vê. Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, apresentou em Kent, no sul do Reino Unido, o novo cartaz de campanha, que visa transmitir a estagnação parlamentar orquestrada pela oposição durante os três anos em que tentaram impedir o ‘Brexit’. Com os conservadores, diz Johnson, vai ser sempre a subir de mudança. Na apresentação do cartaz, nem conseguiu dizer quantas mudanças tinha a caixa de velocidades escolhida para a ilustração, mas o que mais surpreende é a utilização da palavra “neutro” como uma coisa má. É que boa parte da Europa esteve esta sexta-feira reunida nas ruas a lutar precisamente por essa meta: neutralidade de emissões de dioxide de carbono. Gasolina, carros, velocidade, é mesmo esta a mensagem que os conservadores querem transmitir?
Stefan Rousseau - PA Images

A FRASE

“Há um fosso enorme entre o que o meu partido faz e o que o meu partido diz. Membros do meu partido continuam a ser acolhidos pela liderança e a gozar de impunidade apesar dos seus comentários islamofóbicos”, disse esta sexta-feira Sayeeda Warsi, ex-diretora nacional do Partido Conservador e primeira mulher muçulmana a ocupar um cargo ministerial. “The Guardian” descobriu que nomes importantes dos conservadores têm acompanhado candidatos, em lugares mais periclitantes, nas suas campanhas. Isto apesar de estes putativos novos deputados terem feito comentários racistas contra muçulmanos.

Uma história fora do radar

Na verdade são duas histórias. Uma é um equívoco, outra é uma nódoa. Para descomprimir do facto de ainda existirem pessoas a dizer a judeus que Hitler tinha razão, vamos falar de legendagem de vídeos na internet. Esta sexta-feira foi também o dia em que todo o universo cibernético se envolveu numa discussão que faz lembrar aquelas sobre se o vestido é azul e preto ou branco e dourado, lembram-se? Desta vez foi com as palavras “talent” ou “colour”. O que é que a maioria de nós ouviu? Não interessa? Interessa, pois. É que o Channel 4 escreveu numa legenda de um vídeo onde se via Boris Johnson a falar de imigração a seguinte frase, atribuída, claro, ao primeiro-ministro britânico, já que era ele que estava a falar em direto: “Podemos fazer isto de maneira diferente e melhor, incluindo através do controlo do nosso sistema de imigração pela primeira vez em décadas. Sou a favor de que pessoas de [inserir a palavra “talento” ou a palavra “cor”] venham para este país, mas acho que temos de encontrar uma forma de controlar democraticamente essas entradas”.

Ver Twitter

Caso Johnson tenha dito “talento”, tudo ótimo; bom, mais ou menos, já que em todo este tempo de campanha Johnson falou apenas de vistos, contingentes especiais e vias rápidas para “grandes cérebros” imigrantes, pressupondo (e isto é um suponhamos) que os britânicos estão avisados de que terão de ficar com todos os empregos menos qualificados - em certas indústrias como a restauração, esmagadoramente assegurados por imigrantes. Agora, se Johnson por acaso disse “cor”, o caso muda de figura. Mas fica por aqui a história, porque não, o primeiro-ministro não disse que tinha planos para limitar a imigração conforme a cor da pele dos proponentes. O Channel 4 já pediu desculpa pela legendagem. Quem não pediu ainda desculpa pelas suas declarações muito pouco humanas sobre pessoas com deficiências cognitivas foi Sally-Ann Hart, a candidata conservadora por Hastings e Rye, que defendeu, num debate, salários mais baixos para estas pessoas porque “elas não entendem o que é o dinheiro”. “Eles devem ter a oportunidade de trabalhar, porque isso traz felicidade”, acrescentou. O público gritou-lhe de volta: “Isso é vergonhoso” mas Hart ainda não se retractou.

Naftalina eleitoral

Jo Swinson, líder dos Liberais Democratas, e Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia e líder dos nacionalistas escoceses, são bons exemplos do protagonismo que uma mulher pode ter na política britânica, independentemente do facto de Swinson ser consideravelmente menos influente - e menos popular - do que Sturgeon. No cantinho da História aqui no Mind the Vote recordamos hoje a primeira deputada eleita para a Câmara dos Comuns, onde nunca se chegou a sentar. Constance Georgine Markievicz, conhecida como Condessa Markievicz, nasceu em 1868 e morreu em 1927 e entre essas datas foi quase tudo: política, nacionalista, sufragista, militar e a primeira mulher eleita para Westminster, onde nunca se sentou porque era republicana e, como tal, não via legitimidade numa monarquia, ainda que parlamentar. Os deputados do Sinn Féin, partido republicano e nacionalista irlandês pelo qual foi eleita, continuam hoje a renegar os lugares que conquistam nas urnas. Do seu próprio ponto de vista, Markievicz não tinha sido eleita para Westminster mas, em vez disso como “Teachta Dála” (deputada) ao Dáil Éireann (câmara baixa do Parlamento da Irlanda). O Dáil nasceu pelas mãos dos republicanos do Sinn Féin depois das eleições gerais de 1918, como contraponto ao Parlamento de Londres e contra o controlo britânico na Irlanda. Markievicz foi combatente no Exército Cidadão da Irlanda e diz-se que chegou a matar um soldado britânico. Na primeira legislatura do Dáil, tornou-se a primeira ministra da Europa, com a pasta do Trabalho e a primeira mulher do mundo a tomar conta deste dossiê específico.

Sondagem do dia

Todo um tumulto se gerou à volta da “nega” que Boris Johnson deu ao “tubarão do jornalismo” Andrew Neil, o homem que tem feito entrevistas de tal forma intensas e duras aos líderes partidários que se tornam por vezes difíceis de ver ou ouvir. O primeiro-ministro tem-se negado e parece que vai mesmo rejeitar sentar-se na cadeira à frente de Neil, provavelmente para evitar perguntas complicadas sobre o seu acordo para o ‘Brexit’, sobre o seu passado, sobre o que disse a respeito de mulheres islâmicas (que pareciam marcos do correio por se cobrirem de negro, mas já pediu desculpa) e mães solteiras, sobre acusações de oportunismo político, sobre tudo o que disse e depois não chegou a concretizar, sobre ter voado para o Afeganistão para não votar num assunto quente como a expansão do aeroporto de Heathrow, por acaso localizado no seu círculo eleitoral. A maioria dos inquiridos na sondagem do YouGov considera que Johnson “devia absolutamente ir” falar com Andrew Neil (43%) mas mais 24% dizem que ele “provavelmente devia” fazê-lo.

Saído do manifesto

Acabei de regressar de Londres, onde estive a recolher material que o leitor pode ler já amanhã na edição impressa e durante a próxima semana no Diário. Voltei a confirmar aquilo que penosamente já sabia: é quase tudo impossível de adquirir com um salário normal. Num restaurante normal, num horário de 50 horas semanais, depois dos descontos, é raro alguém conseguir levar para casa mais de 1200/1400 libras (cerca de 1450/1650 euros). Parece imenso dinheiro mas uma casa custa isso por mês. Apesar de em Londres a vida ser mais cara do que em outros locais, a medida do Labour de introduzir um salário mínimo de 10 libras por hora (11,9 euros) tem peso junto das pessoas com profissões menos qualificadas. Os trabalhistas querem também acabar com os chamados “contratos de zero horas”, que não especificam quantas horas (o máximo são 52) cada trabalhador tem garantidas a cada mês e, por isso, quando o fluxo de clientes num hotel ou os negócios da empresa sofrem uma quebra, os empregadores podem dizer às pessoas que fiquem em casa um, dois, cinco, dez dias, em que não recebem remuneração.

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