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Expresso

Mind the Vote

Mind the Vote #14. “Brexit à moda de Singapura” ou “Brexit à moda da Coreia do Norte”? Johnson lança-se ao coração trabalhista

Terá Boris Johnson encontrado um pequeno Jeremy Corbyn dentro de si? A notícia do dia foi o novo pacote de medidas protecionistas apresentado pelo primeiro-ministro britânico para proteger o tecido empresarial no pós-Brexit. O novo regime de ajudas públicas e a aposta no slogan “Compre o que é britânico” deixaram alguns analistas económicos preocupados e levaram à metáfora que faz o nosso título. Noutras histórias, neste Mind the Vote falamos da inflacionada esperança eleitoral dos Liberais Democratas e da possível desilusão que aí vem para os ultraeuropeístas

Ana França

Os paladinos do mercado livre estão contra Boris Johnson. Como? Pode repetir? De certo há aqui um erro. Não foram os trabalhistas a propor mais banca cooperativa, intervenção estatal na economia, cerco apertado aos sanguinários dos banqueiros? Sim, mas isso já se esperava. O Instituto de Assuntos Económicos, que defende a autorregulação dos mercados e a progressiva retirada do Estado da economia (e é considerado por certos analistas como um grupo de neoliberais perigosos para a saúde pública), classificou esta sexta-feira os planos de Johnson para oferecer ajuda estatal às empresas que possam sofrer no pós-Brexit como “apenas mais um passo para o estrangulamento da economia”.

Tudo começou devagar, numa gelada manhã londrina, na conferência de imprensa de Johnson. De repente houve agitação nas cadeiras, telefones a tocar, olhares confusos de uns jornalistas para os outros. Afinal não era só mais uma data na agenda em que o governante conservador iria insistir na necessidade de concluir o Brexit e passar para os “verdadeiros problemas dos britânicos”. Johnson quer “apoiar as empresas britânicas introduzindo um regime de intervenção estatal que tornará mais rápido e mais fácil ao Estado intervir nos sectores e negócios que mostrem debilidades” e também planeia, uma vez livre das amarras europeias, implantar um regime de adjudicações públicas que dê prioridade a empresas britânicas. O que acontece hoje é que os governos dos Estados-membros publicam os proponentes a cada obra ou projeto num documento da UE, de acesso público. Johnson quer acabar com essa competição externa. Como? Isso mesmo.

As medidas apresentadas pelo primeiro-ministro foram imediatamente classificadas pela imprensa económica como “protecionistas” e “intervencionistas”. Os empresários encolhem-se, os liberais conservadores põem a mão à frente dos olhos para não lerem mais, mas as hipóteses de Johnson ganhar votos nas zonas ex-industriais que votaram pelo Brexit e balançam entre conservadores e trabalhistas podem ter disparado - e é isso que preocupa o primeiro-ministro.

O pacote de medidas foi apresentando menos de 24 depois de o trabalhista Jeremy Corbyn ter mudado de rumo na campanha: o foco agora são os lugares com mais eleitores que votaram pela saída da UE no referendo. No mesmo tabuleiro joga Johnson o seu trunfo. O Partido Trabalhista recentrou o foco nos círculos eleitorais eurocéticos que ainda votaram ‘Labour’ em 2017, para não os perder. Nessas eleições, os seis lugares que os trabalhistas perderam foram todos em zonas ‘leave’ e, mesmo nos círculos que conseguiram manter nessas zonas, o aumento dos votos trabalhistas foi muito mais baixo do que em áreas ‘remain’.

De regresso aos planos corbynistas de Johnson: “As regras da UE significam que o Governo britânico não pode agir tão depressa nem tão bem como gostaria quando existem empresas nossas em dificuldades. Como vamos sair do mercado único, a ajuda estatal será a que desejarmos e não estará sujeita a regras da UE”, disse Johnson, que acrescentou que, graças a estas regras europeias, “o processo de adjudicações tem-se tornado absurdamente complexo, impondo regras pesadas, sem sentido, aos contratos públicos”.

Estávamos habituados a ver este tipo de políticas nos manifestos e intervenções públicas de líderes mais à esquerda, eurocéticos como Corbyn mas não só, que sempre se queixaram do facto de as regras europeias restringirem as ajudas públicas e impossibilitarem a proteção das indústrias nacionais. No “Financial Times”, Sebastian Payne sugeriu que a manobra de Johnson era um distanciamento em relação ao “Brexit à moda de Singapura” (com impostos).

Victoria Hewson, do Instituto de Assuntos Económicos, não é claramente fã das novas medidas: “As atuais regras de auxílio estatal já sufocam a nossa economia, permitindo que intervenções do Governo - em circunstâncias especiais - apoiem a indústria em dificuldades. Alargar essas regras, permitindo que o Governo use dinheiro dos contribuintes para sustentar indústrias sem futuro, seria avançar rapidamente na direção errada, prejudicando o surgimento de negócios novos e inovadores dos quais depende a nossa economia”, disse em comunicado.

Julian Jessop, do mesmo instituto, reforçou: “Os conservadores estão a demonstrar pouco entendimento sobre os benefícios do comércio livre, muito menos sobre os benefícios do Brexit. Uma política de comprar o que é britânico tornaria mais difícil ao público aceder aos melhores produtos pelo melhor preço, independentemente do local onde sejam feitos. Como resultado, consumidores ou contribuintes vão pagar mais por um serviço de menor qualidade”.

Foto do dia

Sexta-feira é dia de sair para a rua e marchar pelo ambiente, e assim foi em Londres. Com este cartaz, estes jovens puseram o dedo na ferida, atribuindo às eleições gerais que se aproximam um único objetivo: um compromisso com medidas sérias de combate às alterações climáticas. Num debate sobre a crise climática, quinta-feira, a que Boris Johnson e Nigel Farage faltaram, os restantes líderes partidários comprometeram-se com mais transportes públicos e taxas para quem se desloca de avião
NurPhoto

A frase

“Amo profundamente os meus filhos, mas eles não estão a concorrer a estas eleições”, disse Boris Johnson numa entrevista na rádio LBC, acrescentando mais uma camada de mistério sobre a sua já opaca situação familiar. Ninguém sabe quantos filhos o primeiro-ministro tem, quão presente é na vida deles, onde estão, onde estudam, com quem vivem.

Uma história fora do radar

O que está a acontecer aos adoráveis ‘lib-dems’? Amigos do ambiente, amigos do mercado aberto, com propostas de ajuda social para dar e vender, autocarro de campanha movido a energia elétrica, cães, gatos, velhinhos e bebés nos materiais promocionais... mesmo assim os Liberais Democratas de Jo Swinson não parecem obter a adesão popular necessária que os podia levar a “virar” alguns lugares parlamentares, retirando aos conservadores e aos trabalhistas os votos de toda a gente que simplesmente quer ficar na UE sem mais referendos, acordos ou debates parlamentares. Esta fatia eleitoral existe, todas as sondagens dão vitória ao ‘remain’ na eventualidade de um segundo referendo - mesmo com margens curtas - e mesmo que essa vantagem não existisse e tudo estivesse igual a 2016, mais de 48% do país votou então pela permanência. Onde estão agora, se não se veem ao lado dos ‘lib-dems’?

“The Guardian” escreveu um longo artigo sobre os problemas que podem explicar a falta de brilho da campanha de Swinson. Parte deve-se ao facto de a própria líder não ser muito conhecida, outra parte tem que ver com o ataque permanente que os seus candidatos e ativistas fazem aos trabalhistas, o que alguns potenciais eleitores ‘lib-dems’ consideram prejudicial e desnecessário - o inimigo não é o manifesto do ‘Labour’, mas a ‘austeridade tory’.

O partido de Swinson está com 13% de inteções de voto, segundo a última sondagem do Panelbase, o que pode significar ganhar um deputado ou ficar com os 20 que tinha no Parlamento cessante. Isto depois de, no início da campanha, ter andado à volta dos 23%. A história da noite das eleições também vai passar por esta análise e sobretudo por aqueles círculos onde os “novos” ‘lib-dems’ são candidatos ex-’labour’ e ex-’tory’.

Naftalina eleitoral

Numa eleição onde o voto jovem pode mudar o resultado final, fomos tentar saber quem foram os deputados mais novos da história do Reino Unido. Claro que as eleições nem sempre foram como hoje e é no século XVIII que encontramos os mais jovens representantes, o que tem uma explicação muito pouco democrática. William Pitt The Younger, como ficou conhecido, foi eleito pelo círculo de Appleby com 21 anos e tornou-se, dois anos mais tarde, o primeiro-ministro mais jovem de sempre. Charles James Fox era tão novo quando entrou para o Parlamento (19 anos) que ainda nem podia votar, já que só depois da reforma de 1969 a idade mínima passou dos 21 para os 18 anos. Mas todo o processo era bastante diferente. Ambos foram eleitos nos chamados “bairros no bolso”, zonas que eram de tal forma dominadas por um único latifundiário que, se mais ninguém oferecesse oposição, a questão de quem representava esse círculo no Parlamento ficava logo resolvida na fase de nomeações, sem passar pelas urnas.

Mas hoje também há sangue novo, muito novo. Mhairi Black nasceu a 12 de setembro de 1994 e é deputada pelos nacionalistas escoceses (SNP) na localidade de Paisley e Renfrewshire South desde 2015, tendo sido reeleita nas eleições gerais de 2017. Black é o “bebé" da Câmara dos Comuns, nome oficioso do membro mais novo do Parlamento (também há o Pai e a Mãe, isto é, o homem e a mulher há mais tempo no cargo, que na legislatura anterior eram, respetivamente, o conservador Ken Clarke e a trabalhista Harriet Harman). Quando Black foi eleita tinha 20 anos e 237 dias. O recorde era detido por William Wentworth-Fitzwilliam, eleito aos 20 anos e 11 meses em 1832. Nas eleições de 12 de dezembro, o mais jovem candidato pertence aos Liberais Democratas. Chama-se Alex Wagner, tem 18 anos e concorre por Stafford.

Sondagem do dia

Não é uma sondagem - é um estudo: mas, dada a controvérsia gerada na quinta-feira pela ausência do primeiro-ministro do debate de líderes sobre o ambiente, é urgente olharmos para os indicadores sobre a poluição em Londres. Um estudo do King’s College publicado esta sexta-feira combina uma série de assustadoras notícias para quem viaja de metro na capital britânica. Armados com uma mochila capaz de captar e medir a concentração de gases tóxicos e prejudiciais à saúde no metro, investigadores da universidade britânica concluíram que essa concentração é 15 vezes pior debaixo de terra do que nas estradas, mesmo em locais de trânsito muito intenso, como Oxford Circus ou Victoria, duas interseções permanentemente congestionadas no centro da capital do Reino Unido. A concentração média destes gases venenosos nas linhas Northern e Victoria é superior às registadas noutros metros em cidades como Pequim, Nova Iorque, Barcelona ou Los Angeles.

Saído do manifesto

Os Liberais Democratas escoceses apresentaram esta sexta-feira as principais linhas do seu manifesto, um documento diferente daquele que foi apresentado pelos Liberais Democratas a nível nacional, chefiados por Jo Swinson, com implantação principalmente em Inglaterra e País de Gales. Apresentam-se como único partido capaz de “pôr fim ao caos constitucional” que os nacionalistas escoceses querem abrir, pedindo novo referendo à independência. Além disso, os liberais prometem o fim da pobreza energética na Escócia até 2025 (as contas do aquecimento e luz devido às condições climatéricas levam grande parte do orçamento dos mais carenciados), colocar a saúde mental em pé de igualdade com a saúde física no que à comparticipação estatal dos tratamentos diz respeito e oferecer a todas as crianças 35 horas semanais de creche até entrarem na escola primária.

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