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Los Angeles: Trump enviou 700 fuzileiros, Califórnia interpõe providência cautelar para bloquear ação militar

“Ditador” e “perturbado”. O Governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, contesta o envio da Guarda Nacional para controlar os protestos em Los Angeles, enquanto Trump decide reforçar contingente com 700 fuzileiros. Advogados do Estado da Califórnia já avançaram com ação judicial de emergência

Protesto em Los Angeles contra as medidas repressivas da imigração, da Administração Trump
Genaro Molina / Getty Images

Os protestos contra as medidas anti-imigração de Donald Trump, em Los Angeles, estão a aumentar a tensão no braço de ferro entre a Califórnia, democrata, e a presidência republicana dos Estados Unidos. E, enquanto Trump anuncia o envio de 700 fuzileiros para defender a ordem na cidade, o governador Gavin Newsom acusa o presidente de ser “ditador” e estar “perturbado”.

De acordo com as explicações do Comando Norte dos EUA na rede social X, os fuzileiros foram enviados para proteger os polícias federais e propriedades federais em Los Angeles, onde o corpo da Guarda Nacional também foi reforçado com mais dois mil efetivos.

Mas o envio dos fuzileiros e da Guarda Nacional para travar os protestos em Los Angeles já foi contestado pelo governador da Califórnia. Gavin Newsom considerou a decisão ilegal e anunciou uma ação judicial do Estado para travar o Presidente dos EUA. De acordo com a imprensa norte-americana, "é preciso recuar 60 anos para encontrar um precedente para esta decisão unilateral de Trump", numa altura em que os protestos parecem ter acalmado, como relata o correspondente da BBC, Peter Bowes.

Advogados da Califórnia solicitaram a um juiz federal, esta terça-feira, uma ordem de emergência que proíba temporariamente o governo Trump de usar fuzileiros navais e membros da Guarda Nacional estadual para fazer cumprir as leis no estado, inclusive auxiliando autoridades federais na fiscalização da imigração.

O pedido do Estado da Califórnia por uma ordem de restrição temporária ocorre um dia após o governador democrata Gavin Newsom processar o Presidente Donald Trump e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, pela sua decisão de federalizar membros da Guarda Nacional estadual para auxiliar na resposta do Governo central aos protestos que acontecem em Los Angeles e arredores.

A ordem solicitada, disseram os advogados do Estado ao tribunal, "impedirá o uso de Guarda Nacional e fuzileiros navais para fins de aplicação da lei nas ruasl". No entanto, a iniciativa não visa impedir esses mesmos dois corpos militares de "proteger a segurança de prédios federais ou outros bens imóveis de propriedade ou arrendados pelo governo federal, ou de pessoal federal em tais propriedades".

O teste à autoridade federal

Também em declarações à BBC, um antigo oficial da Guarda Nacional criticou a decisão de Donald Trump sublinhando que a Guarda Nacional “não é necessária lá”. O Tenente-General na reforma Russel Honoré falou de uma "escalada" perpetrada pela Casa Branca para "poder enviar tropas federais a qualquer momento para qualquer lugar dos Estados Unidos".

“Há 10 milhões de pessoas no Condado de Los Angeles e estamos a falar de duas áreas pequenas, com alguns milhares de manifestantes em cada uma delas”, disse este oficial da reforma considerando que a vitória dos Dodgers na World Séries provoca mais agitação nas ruas.

Quanto à presidente da Câmara de Los Angeles, Karen Bass, comentou que Trump está a deitar "combustível para alimentar um incêndio desnecessário". Bass sustentou, também, que Los Angeles está a ser usada para “testar a autoridade federal”.

Desde sexta feira, dia em que começaram os protestos contra as medidas anti-imigração de Trump em Los Angeles, foram detidas 150 pessoas e, diz a CNN, centenas de pessoas protestaram também em São Francisco, na noite de segunda-feira, contra a política anti-imigração de Donald Trump.

Notícia atualizada às 21:15 com referência a ação judicial de emergência