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Minas terrestres: o legado deixado por guerras, o risco causado pelas alterações climáticas e o impacto na segurança alimentar

Décadas depois do fim dos conflitos, as minas terrestres deixadas em alturas de combate continuam a causar vítimas, e os riscos são agravados pelas alterações climáticas. São necessários recursos financeiros e humanos para retirá-las e voltar a garantir segurança para que terrenos sejam explorados para agricultura ou se chegue mais depressa a um hospital. Na Ucrânia, por exemplo, “foram colocadas minas em quantidades industriais”

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As marcas deixadas por conflitos num país podem assumir várias formas. As minas estão entre as que continuam a causar vítimas de forma indiscriminada, mesmo quando a guerra é dada por terminada. “Comecei a ganhar consciência sobre esse problema desde que começaram os conflitos de guerra aqui em Angola. Houve muitas áreas minadas durante o conflito, então tivemos a noção de que as minas matam e mutilam, causam danos materiais e muita destruição num país”, descreve Elsa Quintas ao Expresso.

Elsa trabalha para evitar a perda de mais vidas: é motorista sapadora da organização não governamental Mines Advisory Group (MAG), em Angola. O que significa que limpa minas, processo sem o qual os terrenos não voltam a ser seguros.

À guerra colonial e à independência de Angola seguiram-se quase três décadas de guerra civil. O conflito terminou em 2002, mas o trabalho de limpeza de minas perdura, mais de vinte anos depois. Segundo o relatório do “Landmine Monitor 2023”, Angola registou 107 mortes em 2022 causadas por minas e engenhos explosivos deixados pela guerra. A extensão da contaminação representava 68 quilómetros quadrados, ao longo de 16 províncias.