A Organização Internacional de Migrações (OIM) teme que “centenas de pessoas tenham perdido a vida no naufrágio” desta terça-feira em águas territoriais gregas, naquela que é considerada uma das maiores tragédias no Mediterrâneo oriental na última década. Um barco de pesca lotado de migrantes - que saiu da Líbia rumo à Itália - naufragou na costa sudoeste da Grécia durante a noite.
Quantos sobreviventes foram resgatados até agora?
As primeiras informações apontavam para 104 sobreviventes. Até ao momento não há dados oficiais, e os números não estão estabilizados. Estamos perante "uma das maiores operações de resgate realizadas no Mediterrâneo", de acordo com o porta-voz da Guarda Costeira grega, Nikos Alexiou: “A operação de salvamento prossegue com o apoio dos meios aéreos da Frontex, mas as esperanças são baixas".
De acordo com a Associated Press, pelo menos 78 corpos foram recuperados do mar.
Quantos migrantes estavam a bordo?
O jornal grego “Ekathimerini” refere a existência de pelo menos 500 pessoas a bordo. Outros relatos apontam para 750 migrantes, muitos deles menores. O diretor da Clínica de Cardiologia de Kalamata diz que um sobrevivente hospitalizado lhe contou que estariam cerca de cem crianças no porão. Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Médicos gregos, Michalis Giannakos, disse aos jornalistas (que estão no porto de Kalamata) que há “27 sobreviventes do naufrágio hospitalizados, todos eles em condições estáveis”.
Como ocorreu o naufrágio?
Três dos sobreviventes dizem que o barco naufragou quando a “Guarda Costeira grega prendeu a embarcação com uma corda para a rebocar”, disse à agência de notícias ANSA Kriton Arseni, representante do Mera25, movimento político fundado pelo ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis.
Para onde se dirigia o barco?
O barco partiu do porto de Tobruk, na Líbia e dirigia-se a Itália, de acordo com as primeiras informações dos sobreviventes. O acidente ocorreu cerca de 80 quilómetros a sul da cidade costeira de Pylos.
O acidente está a ser investigado?
Às primeiras horas da manhã desta quinta-feira (um dia depois da tragédia), um grupo de seis ou sete sobreviventes foi levado para prestar declarações nas instalações da Autoridade Portuária de Kalamata. Por ordem do procurador-geral do Supremo Tribunal da Grécia, Isidoros Doyakos, o vice-procurador Georgios Economou foi nomeado para supervisionar a investigação e identificar traficantes, escreve o “Ekhatemerini”.
O que diz a União Europeia?
Com as atividades de busca e resgate em curso, a prioridade é fazer tudo o que for possível para resgatar pessoas. O Grupo de Contacto de Busca e Resgate (SAR) reúne esta sexta-feira. Recorde-se que este grupo foi criado pelo Executivo comunitário e é formado pelas autoridades dos Estados membros.
O barco recusou ajuda?
Funcionários do Governo disseram que os migrantes a bordo recusaram repetidamente a ajuda das autoridades gregas: “Era um barco de pesca lotado de pessoas que recusaram a nossa ajuda porque queriam ir para a Itália”, disse o porta-voz da guarda costeira Nikos Alexiou à emissora Skai TV. “Mantivemo-nos ao lado, caso precisassem da ajuda que haviam recusado.”
Quando termina a operação de busca?
Fontes do Governo grego (citadas pelo “Ekathimerini”) referem que devem prosseguir até sexta-feira de manhã. As hipóteses de recuperar o navio são pequenas, porque o acidente ocorreu em águas profundas. Imagens aéreas divulgadas pela guarda costeira grega mostravam dezenas de pessoas no convés, horas antes do naufrágio. A organização de resgate Alarm Phone garante ter recebido alertas de pessoas a bordo de um navio em perigo na costa da Grécia, na noite de terça para quarta-feira.
A Grécia decretou luto nacional?
O Governo provisório grego, no poder até que um novo executivo tome posse, após as eleições antecipadas agendadas para 25 de junho, decretou três dias de luto nacional.
Qual é o número total de vítimas no Mediterrâneo?
As Nações Unidas registam mais de 20 mil mortes e desaparecimentos no Mediterrâneo central desde 2014. Esta rota é a travessia de migrantes mais perigosa do mundo.