Ásia

Rusga em fábrica da Hyundai nos EUA provoca tensão entre Governo de Trump e a Coreia do Sul

Coreia do Sul vai receber cidadãos detidos pelas autoridades americanas numa operação a uma fábrica da Hyundai na semana passada. Ministro dos Negócios Estrangeiros coreano vai aos Estados Unidos para discutir a situação

Ação do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA levou à detenção de 475 pessoas numa fábrica da Hyundai, das quais cerca de 300 são coreanas.

Quando os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Sul se encontraram no final de agosto, o tom do encontro foi amigável. O Presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, elogiou a nova decoração da Sala Oval e pediu ajuda na obtenção de paz na Península coreana. Do outro lado, o Presidente Donald Trump estendeu-lhe a mão e elogiou a abordagem de Lee em relação à Coreia do Norte.

Menos de duas semanas depois, surgiu um foco de tensão: quase 500 pessoas, a maioria das quais coreanas, foram detidas numa das maiores operações realizadas por agentes de imigração nos Estados Unidos, esta quinta-feira, a uma fábrica da Hyundai e da LG, parte de um projeto de 4,3 mil milhões de dólares para construir baterias para carros elétricos, em Ellabell, no estado da Geórgia.

A Coreia do Sul já indicou que vai receber cerca de 300 cidadãos (na sua maioria subcontratados), mas quer negociar a possibilidade de voltarem a solo americano. O incidente motivou contactos entre os dois países e vai levar o ministro dos Negócios Estrangeiros Cho Hyun a voar esta segunda-feira para os Estados Unidos para se reunir com o Secretário de Estado americano Marco Rubio.

Seul disse que o regresso dos cidadãos à Coreia do Norte seria designada por “saída voluntária”, noticiou a Reuters:  “Desde o início, negociámos sob a premissa de que não deveria haver desvantagens pessoais (para os trabalhadores detidos)”, afirmou Cho. Porém, Kristi Noem, secretária de Segurança Interna dos EUA, fala em deportações e deixa um aviso: quem estiver ilegalmente no país sabe agora que "tem uma oportunidade" de regressar a casa antes de ser detido.

O Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) dos EUA alega que as pessoas detidas na semana passada na rusga à fábrica da Hyundai estavam a trabalhar ilegalmente. Em comunicado, a agência americana especificou que vistos de curto-prazo ou de turismo não dão autorização para trabalhar nos EUA. “Encorajamos todas as empresas que querem investir nos EUA, e se quiserem trazer trabalhadores para construção ou outros projetos, está tudo bem - mas têm de o fazer de forma legal”, disse o agente Steven Schrank, das Investigações de Segurança Interna. 

O ICE divulgou um vídeo onde se podem ver as autoridades a algemarem trabalhadores - pelos pulsos, cintura e tornozelos - antes de os colocarem em viaturas de transporte de reclusos. Entre as 475 detenções da semana passada estão cerca de 300 cidadãos coreanos. De acordo com a Reuters, estão em curso negociações para serem libertados de prisão preventiva e enviados para a Coreia do Sul, através de um voo fretado. Estima-se que o seu regresso se dê esta semana.

Trump comentou o caso na sua rede social ‘Truth Social’, apelando às empresas estrangeiras com investimentos no país para “respeitarem as leis de imigração” e indicando que o país vai possibilitar que seja “rápido e legalmente possível” levar trabalhadores por via legal. 

De acordo com o 'The Korea Herald', o incidente levou empresas coreanas a reverem os seus planos para viagens de negócios aos Estados Unidos.