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Adesão da Suécia e da Finlândia à NATO: diálogo de surdos resulta num impasse de difícil resolução

Ancara continua a bater pé à adesão da Suécia à NATO. Venda de jatos americanos à Turquia pode ser a chave do desbloqueio, mas a janela de oportunidade para o Parlamento turco ratificar o acordo é cada vez mais curta. Escandinavos terão provavelmente de esperar pelo desfecho das presidenciais turcas em maio

Uma manifestação em Estocolmo com a efígie de Recep Tayyip Erdogan desagradou ao Presidente turco, que ainda não autorizou a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO
JONATHAN NACKSTRAND/AFP/Getty Images

“A Turquia confirma que fizemos o que o prometemos, mas também diz que quer coisas que não podemos fazer, e que não faremos.” O desabafo foi do primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, que assim confessou não saber que mais fazer para desbloquear o veto turco à adesão do seu país e da Finlândia à NATO.

Há muito que o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusa a Suécia e outros países europeus de receberem e protegerem terroristas curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, separatista, considerado um grupo terrorista pela NATO, UE e Washington), e membros da seita religiosa gulenista (seguidora do clérigo Fetullah Gulen) que organizou o falhado golpe de estado de 2016. O pedido de adesão da Suécia e da Finlândia à Aliança Atlântica, desencadeado pela invasão russa da Ucrânia, quebrou décadas de não intervenção e neutralidade escandinavas, dando a Erdogan uma carta valiosa e a possibilidade de mudar o que Ancara considera há anos uma traição inaceitável dos seus aliados europeus.