Internacional

"Não vamos abandonar o nosso compromisso com Taiwan": Nancy Pelosi prometeu firmeza apesar das ameaças de Pequim

Nancy Pelosi é a mais importante responsável norte-americana a visitar a ilha em 25 anos. A China, que considera Taiwan parte do seu território, considerou a visita uma grande provocação

Nancy Pelosi
ELIZABETH FRANTZ/REUTERS

A líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos garantiu hoje que Washington não vai abandonar Taipé, enquanto a Presidente de Taiwan assegurou que a ilha vai manter-se firme face à ameaça militar chinesa.

"Não vamos abandonar o nosso compromisso com Taiwan", afirmou Nancy Pelosi, cuja visita à ilha desencadeou a indignação de Pequim.

"Hoje, a nossa delegação (...) veio a Taiwan para dizer inequivocamente que não vamos abandonar o nosso compromisso com Taiwan e que estamos orgulhosos da nossa amizade duradoura", acrescentou, num evento com a Presidente da ilha, Tsai Ing-wen.

Taiwan "não desistirá" face à ameaça das armas, disse por sua vez Tsai Ing-wen, quando Pequim anunciou uma série de exercícios militares junto à ilha em retaliação à visita da responsável norte-americana.

"Face ao aumento deliberado das ameaças militares, Taiwan não recuará. Vamos (...) continuar a defender a democracia", reiterou.

Um total de 21 aviões militares chineses entraram na Zona de Identificação da Defesa Aérea de Taiwan na terça-feira, informou hoje o Ministério da Defesa da ilha em comunicado.

As incursões de aviões chineses aconteceram no dia em que a líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos chegou a Taipé, no âmbito de uma visita à Ásia.

Nancy Pelosi é a mais importante responsável norte-americana a visitar a ilha em 25 anos. A China, que considera Taiwan parte do seu território, chamou à visita uma grande provocação e ameaçou os Estados Unidos de retaliação.

Os Estados Unidos já disseram estarem “preparados” para uma resposta da China.

Exercícios militares ameaçam Taipé, Japão preocupado

Os exercícios militares anunciados pela China nas proximidades de Taiwan ameaçam os principais portos e áreas urbanas da ilha, disse na quarta-feira o Ministério da Defesa da ilha, prometendo defesas "reforçadas" e uma resposta firme.

O exercício é "uma tentativa de ameaçar os nossos portos e áreas urbanas importantes, e de minar unilateralmente a paz e a estabilidade regional", acrescentou em comunicado.

Os líderes chineses expressaram indignação perante a visita a Taiwan da líder da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi, que, após uma passagem por Singapura e Malásia, aterrou terça-feira em Taipé, capital do território que a China reivindica como uma província separatista a ser reunificada pela força, caso necessário.

Em resposta, Pequim anunciou "exercícios navais e aéreos conjuntos" nas imediações da ilha.

Os exercícios incluem "disparos de munições reais de longo alcance" no Estreito de Taiwan, que separa Taiwan da China continental.

Em alguns locais, as operações chinesas vão aproximar-se até 20 quilómetros da costa de Taiwan, de acordo com as coordenadas fornecidas pelo Exército de Libertação do Povo.

O Japão disse hoje estar preocupado com as ações militares anunciadas por Pequim, já que algumas terão lugar dentro da zona económica exclusiva do Japão.

"O Japão manifestou a sua preocupação à China, dada a natureza das atividades militares", que incluem "disparar munições reais", disse o porta-voz do Governo nipónico, Hirokazu Matsuno.

Governo de Macau fala em "intervenção violenta nos assuntos internos"

O Governo de Macau condenou, por seu lado, a visita da líder da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos a Taiwan, classificando-a como uma "intervenção violenta nos assuntos internos" chineses.

"O Governo da RAEM [região administrativa especial de Macau] mantém a mesma posição nos assuntos de Taiwan, persistindo na salvaguarda da soberania e da integridade territorial da China e na defesa firme do princípio de 'uma única China'", lê-se num comunicado do Gabinete de Comunicação Social do Governo de Macau.

De acordo com a mesma nota, a visita da responsável norte-americana "constitui uma intervenção violenta nos assuntos internos" chineses, além de comprometer a "soberania e a integridade territorial, violando arbitrariamente o princípio de 'uma única China', ameaçando severamente a paz e a estabilidade do Estreito de Taiwan e destruindo as relações entre a China e os Estados Unidos".

Neste sentido, o Executivo liderado por Ho Iat Seng "condena veementemente" a deslocação de Pelosi a Taiwan.

O GCS relembra ainda que "o presente Governo dos Estados Unidos prometeu, várias vezes, cumprir o princípio de 'uma única China', mas que "as palavras e as ações recentes" de Washington "não correspondem" ao compromisso.