O assassinato de Charlie Kirk é mais um marco na escalada de violência política nos Estados Unidos da América. Para quem não sabe, era um ativista e produtor de conteúdos do movimento cristão conservador americano que ganhou destaque a ir às universidades debater com quem tinha posições diferentes das dele.
Charlie Kirk era alguém cujas posições políticas, sociais e religiosas estavam em larguíssima medida no oposto das minhas. Era profundamente religioso e cristão, eu sou ateu. Era um defensor do direito a ter armas, eu sou contra. Era um cético do ensino superior, eu sou naturalmente um defensor. Era um negacionista climático, eu naturalmente sigo o consenso científico acerca do tema. Era contra a interrupção voluntária da gravidez fosse em que contexto fosse, eu sou a favor na maioria dos contextos. E por ai fora…
Mas Charlie Kirk era mais do que isso. Era alguém que se expunha ao contraditório numa era em que a maioria se esconde na sua bolha criada pelas redes sociais, onde cada ponto de vista que têm é reforçado por outros que pensam o mesmo e nunca vêm os seus pontos de vista desafiados. Era alguém que, à sua maneira peculiar, promovia o diálogo entre pessoas que pensam de maneira diferente. Provavelmente a única maneira possivel de construir um mínimo de coesão social, num país cada vez mais fragmentado.
Os EUA são hoje um país cada vez mais dividido políticamente, onde há uma clara fragmentação e polarização em temas como a discriminação racial, o sistema judicial, as alterações climáticas, a interrupção voluntária da gravidez, o sistema de saúde, o sistema de educação... ao longo das linhas de homens vs mulheres; brancos vs o resto; evangélicos e "born-again christians" vs o resto; urbano vs rural..
Eu vivi nos EUA. E tenho saudades de visitar os EUA. Até ao nascimento da minha filha, todos os anos fazia um tour de seminários em universidades americanas e aproveitava para passear. Não volto aos EUA enquanto lá estiver Trump. As histórias de malta que ficou presa sem apelo nem agravo durante semanas até ser deportada por coisas que escreveu nas redes sociais não me dão muita confiança, principalmente porque comento bastante política americana. Mas tenho saudades. Muitas saudades. De muitas coisas boas. E assusta-me tudo isto.
Relativamente a Charlie Kirk, apesar de me opôr a 90% de todo o seu pensamento político, lamento profundamente a sua morte. O mundo perdeu alguém brilhante, com excelente retórica e que procurava o debate com pessoas que pensavam de maneira diferente. Que é a pedra fundamental na construção de um mínimo de coesão social.
Charlie Kirk merece ficar na memória pelo seu melhor e o melhor de Charlie Kirk que vi foi uma conversa com Bill Maher, alguém, mais uma vez, com um pensamento diferente dele em quase tudo. Porque é preciso coragem e caráter para nos rodearmos de pessoas diferentes de nós. E isso Charlie Kirk tinha para dar e vender.
Charlie Kirk era alguém cujas posições políticas, sociais e religiosas estavam em larguíssima medida no oposto das minhas. Era profundamente religioso e cristão, eu sou ateu. Era um defensor do direito a ter armas, eu sou contra. Era um cético do ensino superior, eu sou naturalmente um defensor. Era um negacionista climático, eu naturalmente sigo o consenso científico acerca do tema. Era contra a interrupção voluntária da gravidez fosse em que contexto fosse, eu sou a favor na maioria dos contextos. E por ai fora…
Mas Charlie Kirk era mais do que isso. Era alguém que se expunha ao contraditório numa era em que a maioria se esconde na sua bolha criada pelas redes sociais, onde cada ponto de vista que têm é reforçado por outros que pensam o mesmo e nunca vêm os seus pontos de vista desafiados. Era alguém que, à sua maneira peculiar, promovia o diálogo entre pessoas que pensam de maneira diferente. Provavelmente a única maneira possivel de construir um mínimo de coesão social, num país cada vez mais fragmentado.
Os EUA são hoje um país cada vez mais dividido políticamente, onde há uma clara fragmentação e polarização em temas como a discriminação racial, o sistema judicial, as alterações climáticas, a interrupção voluntária da gravidez, o sistema de saúde, o sistema de educação... ao longo das linhas de homens vs mulheres; brancos vs o resto; evangélicos e "born-again christians" vs o resto; urbano vs rural..
Eu vivi nos EUA. E tenho saudades de visitar os EUA. Até ao nascimento da minha filha, todos os anos fazia um tour de seminários em universidades americanas e aproveitava para passear. Não volto aos EUA enquanto lá estiver Trump. As histórias de malta que ficou presa sem apelo nem agravo durante semanas até ser deportada por coisas que escreveu nas redes sociais não me dão muita confiança, principalmente porque comento bastante política americana. Mas tenho saudades. Muitas saudades. De muitas coisas boas. E assusta-me tudo isto.
Relativamente a Charlie Kirk, apesar de me opôr a 90% de todo o seu pensamento político, lamento profundamente a sua morte. O mundo perdeu alguém brilhante, com excelente retórica e que procurava o debate com pessoas que pensavam de maneira diferente. Que é a pedra fundamental na construção de um mínimo de coesão social.
Charlie Kirk merece ficar na memória pelo seu melhor e o melhor de Charlie Kirk que vi foi uma conversa com Bill Maher, alguém, mais uma vez, com um pensamento diferente dele em quase tudo. Porque é preciso coragem e caráter para nos rodearmos de pessoas diferentes de nós. E isso Charlie Kirk tinha para dar e vender.