Internacional

Afeganistão: sismo de magnitude 5,9 causa mais de mil mortos e 1500 feridos perto da fronteira com o Paquistão

O acesso difícil às aldeias remotas e espalhadas pelas montanhas nas províncias de Paktika e Khost está a dificultar as operações de socorro e teme-se pela vida dos que ficaram presos nos escombros das casas destruídas pelo abalo

Helicópteros procedem à evacuação das zonas afetadas pelo sismo
BAKHTAR NEWS AGENCY/Reuters

“Um forte terramoto abalou quatro distritos da província de Paktika matando e ferindo centenas dos nossos compatriotas e destruindo dezenas de casas. Apelamos a todas as equipas de salvamento a que se dirijam imediatamente para a área de forma a evitar outro desastre”, publicou esta madrugada Bilal Karimi, um dos porta-vozes do Governo talibã, na sua conta de Twitter.

Há pelo menos mil mortos e calcula-se que mais de 1500 feridos em consequência do sismo com magnitude de 5,9 na escala de Richter da madrugada desta quarta-feira na zona da fronteira do Afeganistão com o Paquistão, reporta o canal alemão ZDF, que cita números oficiais divulgados pelo ministério do Estado para Gestão de Desastres.

Órgãos de comunicação locais reportam a destruição completa de várias aldeias em Paktika e também na província de Khost. Pelo menos 600 habitantes da zona oriental do Afeganistão ficaram feridos, segundo a agência noticiosa oficial Bakhtar, mas teme-se que o número de vítimas seja muito superior.

Vários helicópteros foram enviados para as zonas afetadas
BAKHTAR NEWS AGENCY/Reuters

As operações de salvamento têm sido dificultadas pelos acessos sinuosos às zonas montanhosas remotas que caracterizam o território afegão. Os talibãs, que governam o país desde agosto de 2021, reuniram-se de emergência e sabe-se que foram enviados vários helicópteros para a área para prestar ajuda aos locais e que o auxílio do Crescente Vermelho chegou já nesta quarta-feira.

Segundo a Estação de Controlo de Terramotos dos Estados (USGS), houve uma repetição ligeiramente mais fraca logo a seguir ao abalo sísmico das 23h (locais, três horas e meia mais tarde do que em Portugal continental) de terça-feira. O epicentro situou-se a cerca de 50 quilómetros a sudoeste da cidade de Khost, a uma profundidade de dez quilómetros.

A TOLOnews cita o chefe do departamento de informação e cultura de Paktika, Mawlawi Huzifa, declarando que o terramoto ocorreu às 1h30 da madrugada e que muitas das vítimas eram da província de Giyan.

Um homem na região de Khost declarou à NPR haver relatos de dezenas de pessoas enterradas debaixo dos escombros das casas que ruíram com o abalo sísmico nas aldeias remotas perto da fronteira com o Paquistão.

Mawlawi Sharafuddin Muslim, vice-ministro de Estado para a Gestão de Desastres anunciou numa conferência de imprensa que o Emirado Islâmico vai pagar 100 mil afegans (equivalente a pouco mais de €100) a cada família afetada pelo sismo e 50 mil (€50) às famílias dos feridos. Muslim pediu ainda auxílio internacional para fazer frente às consequências de um dos terramotos que mais matou na última década, reporta a TOLOnews.

O terramoto vem somar-se à crise alimentar que se tem feito sentir de forma crescente no Afeganistão. Cerca de 40 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar para evitar a fome e 95% dos afegãos não comem o suficiente, apurou um relatório recente das Nações Unidas.

Notícia atualizada às 14:45