O Brasil vive num daqueles shakers de bar, perto de uma praia fascinante ou de uma cachoeira ou da poeira ou de um qualquer lugar que não está feito para deslumbrar. Os argumentos, os protagonistas e o desenrolar da história oferecem a cada dia um país diferente, é fácil descascar a metáfora do shaker. À data de hoje, e depois de saber o que é estar 580 dias preso, Lula da Silva pode candidatar-se às presidenciais de 2022, por exemplo, e isso, como já veremos, mudou alguma coisa na política brasileira, ou no lero-lero. Apesar de muitos corações baterem no fundo do peito esperando dias melhores (menos 282 mil, que correspondem aos óbitos por covid-19), o Brasil vai vivendo desafinado, com mais uma mudança no Ministério da Saúde e logo na pior fase da pandemia. É a quarta em 26 meses de mandato de Jair Bolsonaro.
“O futuro ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, é médico cardiologista e um velho conhecido da família de Bolsonaro”, conta ao Expresso Vera Chaia, cientista política. “Ele já se manifestou sobre a sua relação com o Presidente: ‘A política de Saúde não é do ministro, mas do Presidente’. Com esta fala, pode-se concluir que o novo ministro, embora médico, continuará a obedecer às ordens de Bolsonaro.”
Queiroga era até agora diretor do Serviço de Hemodinâmica e cardiologista intervencionista do Hospital da Unimed, em João Pessoa, e médico intervencionista no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa. Em 2019, foi eleito presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O novo ministro da Saúde do Brasil - que sucede a Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e ao general Eduardo Pazuello - formou-se em Medicina na Universidade Federal da Paraíba, em 1988. Alguma imprensa brasileira dá conta de que o senador Flavio Bolsonaro, filho do Presidente, queria Queiroga logo quando Mandetta caiu, em meados de abril.