Internacional

AstraZeneca vai entregar mais 9 milhões de doses à União Europeia, mas volume está ainda longe do previsto

Presidente da Comissão Europeia fala em "passo em frente", mas os 40 milhões de doses que a AstraZeneca pretende agora entregar à UE ainda estão longe do que os 27 esperavam receber até final de março.

JOHANNA GERON/REUTERS

Depois de uma semana de braço-de-ferro entre a Comissão Europeia e a AstraZeneca (AZ), a presidente do executivo comunitário vem agora dizer que a farmacêutica anglo-sueca "vai distribuir mais 9 milhões de doses adicionais", num total de 40 milhões de doses para fevereiro e março.

Ursula von der Leyen fala num "passo em frente", tendo em conta que que na semana passada a AstraZeneca insistia que só conseguiria entregar 31 milhões de doses. No entanto, o valor fica ainda longe do volume que os 27 esperavam receber no primeiro trimestre e que segundo fontes comunitárias seriam pelo menos 100 milhões de doses. Nesse caso, os 40 milhões de doses representariam menos de metade do previsto inicialmente.

O anúncio de Von der Leyen foi feito no Twitter, depois de uma reunião da Comissão com os presidentes das 6 farmacêuticas com quem foram feitos contratos de compra antecipada de vacinas: BionNTech/Pfizer, Moderna, AstraZeneca, Johnson & Johnson, Curevac e Sanofi.

Segundo a alemã, a AstraZeneca vai também "começar as entregas uma semana antes do previsto" e "aumentar a capacidade de produção na Europa".

Falta no entanto saber qual o impacto que a antecipação das entregas tem nas datas já conhecidas - Portugal espera receber 113 mil doses da AZ no dia 9 de fevereiro - e de que forma é que a capacidade de produção será expandida. Não houve qualquer conferência de imprensa, nem a Comissão Europeia respondeu ainda às perguntas enviadas pelo Expresso.

A vacina da AstraZeneca teve luz verde da Agência Europeia de Medicamentos na sexta-feira, recebendo também a autorização formal da Comissão Europeia para ser distribuída na Europa. O problema tem sido a disputa em torno do número inicial de doses a distribuir. A farmacêutica que distribui a vacina da Universidade de Oxford argumenta que devido a um problema de produção na unidade localizada na Bélgica não conseguirá entregar tudo o que estava no acordo. E escuda-se no contrato, para dizer que estava obrigada apenas a fazer "os melhores esforços".

A Comissão passou a última semana a repetir que espera receber as vacinas acordadas e publicou até parte do contrato para mostrar que tem razão e que se há problemas na unidade belga, então as doses terão de vir de outras fábricas, incluindo das duas que estão no Reino Unido.

No seguimento da polémica, avança também um mecanismo de autorização de exportações, que prevê que as seis farmacêuticas tenham de comunicar às autoridades dos países da UE onde têm fábricas as doses que vão exportar, ficando a autorização dependente de estarem ou não a cumprir os contratos europeus.

Um mecanismo que arrancou com polémica e que caiu mal no Governo britânico, obrigando a Comissão Europeia a vir esclarecer que a Irlanda do Norte não seria afetada. Ainda na sexta-feira, Ursula von der Leyen e Boris Johnson falaram por telefone para acordarem que "não deveria haver restrições de exportação de vacinas para empresas que cumpram as responsabilidades contratuais".