Se Ramón Sampedro estivesse vivo, esta quinta-feira seria um dia feliz para ele. O Parlamento espanhol aprovou, com ampla maioria, a lei orgânica de regulação da eutanásia, direito pelo qual Sampedro lutou durante os últimos anos da sua atribulada vida. Tetraplégico desde os 25 anos, após um salto de uma rocha para o mar, este marinheiro galego tornou-se símbolo vivo das aspirações de muitas pessoas afetadas por males irreversíveis para lograr uma morte digna.
Ajudado por um grupo de amigos encabeçado por Ramona Maneiro, perseguida pela justiça durante anos como cooperadora na morte do doente, Sampedro pôs fim à sua existência em 1998. A sua epopeia, levada ao cinema em 2004 por Alejandro Amenábar no filme “Mar Adentro”, protagonizado pelo oscarizado Javier Bardem, deu um safanão à consciência da sociedade espanhola.