O Presidente russo, Vladimir Putin, está “provavelmente a comandar” uma campanha para denegrir Joe Biden e ajudar a reeleger Donald Trump. A notícia do dia nos Estados Unidos, a que se junta o facto de o país ter ultrapassado as 200 mil mortes por causa da covid-19, tem origem num relatório confidencial da CIA, cujo conteúdo foi revelado por duas fontes anónimas ao jornal “Washington Post”.
“Consideramos que o Presidente Vladimir Putin e os mais altos dirigentes russos estão cientes, e provavelmente a comandar, operações da Rússia que têm como objetivo denegrir o antigo vice-presidente [Biden] e alimentar a discórdia pública sobre as eleições de novembro nos Estados Unidos”, lê-se no relatório, que os serviços secretos norte-americanos recusam comentar mas que não desmentem. O documento tem por base informação de outros serviços além da CIA, como o FBI e a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla inglesa).
Datada de 31 de agosto, a avaliação inclui detalhes sobre a forma como o deputado ucraniano Andrii Derkach tem feito passar informação depreciativa em relação ao candidato do Partido Democrata às eleições de 3 de novembro, através de lobistas, membros do Congresso e da comunicação social. Com uma preciosa ajuda — uma “proeminente” figura ligada a Trump, cujo nome não é referido mas que se sabe ser Rudolph W. Giuliani, advogado pessoal do Presidente — e um “manda-chuva”: Vladimir Putin.
Entre o material difundido por Derkach estão os áudios de conversas de Joe Biden com o à época presidente ucraniano Petro Poroshenko e que servem de base à acusação de Donald Trump de que o ex-vice de Barack Obama tentou influenciar a justiça ucraniana para que esta não investigasse o filho, Hunter Biden, que fazia parte da direção da Burisma Holdings, uma empresa de extração e produção de gás investigada pela justiça da Ucrânia. O nome de Derkach não é novo entre os serviços de informação norte-americanos: a 10 de setembro do ano passado, o Departamento do Tesouro norte-americano acusou-o de ser um “agente russo ativo há mais de dez anos” e estar a tentar “minar as eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos”.