Para Espanha, Gibraltar continua a ser um objeto de cobiça desde a sua anexação à Inglaterra em 1704. Na verdade, continua a considerá-lo um “território não autónomo pendente de descolonização”. E agora que Bruxelas e Londres estão a negociar uma saída ordenada do Reino Unido da União Europeia, a questão de Gibraltar volta a assumir um significado inusitado.

Ministro principal do Rochedo desde 2011, Fabián Picardo (Gibraltar, 1972), é um europeísta convicto e espera que a situação na fronteira com Espanha, a famosa Verja, ou Porta, que é atravessada todos os dias por mais de 15.000 cidadãos da região do Campo de Gibraltar e milhares de mercadorias, não fique afetada quando o período de transição definido para a retirada total do Reino Unido terminar em 31 de dezembro. “Não é só para Gibraltar que é importante manter uma fronteira fluida. Também o é para a região espanhola vizinha, Campo de Gibraltar, e para um grande número de portugueses que trabalham nas empresas lusas que desenvolvem a sua atividade no Rochedo”, acrescenta Picardo nesta entrevista exclusiva ao Expresso.

Apesar da cláusula n.º 24 das orientações do Conselho Europeu para a negociação do Brexit impedir que qualquer pacto entre a UE e o Reino Unido possa ser aplicado em Gibraltar sem o consentimento de Espanha, quais as consequências que teria se o dia 31 de dezembro chegar sem um acordo entre Londres e Bruxelas?
Uma saída sem acordo seria uma má notícia para o Reino Unido, para a União Europeia, para a Espanha, para a região espanhola do Campo de Gibraltar e para Gibraltar.