Dezenas de manifestantes foram dispersos na quinta-feira com gás lacrimogéneo, quando protestavam por causa da explosão em Beirute, capital do Líbano, que provocou pelo menos 149 mortos, cinco mil feridos e a destruição de casas de centenas de milhares de pessoas.
Os manifestantes, que protestavam contra a tragédia, enquanto símbolo da incompetência e corrupção das autoridades, vandalizaram estabelecimentos comerciais e apedrejaram a polícia no quarteirão do Parlamento.
A resposta policial provocou feridos entre os manifestantes.
Estes incidentes ocorreram quando se prepara uma grande manifestação, convocada para sábado.
A explosão de terça-feira foi provocada por um incêndio no armazém do porto de Beirute onde estavam 2.750 toneladas de nitrato de amónio, desde há seis anos.
Autoridades portuárias, serviços alfandegários e de segurança estavam ao corrente da periculosidade das matérias químicas armazenadas, mas todos rejeitam responsabilidades.
“NEGLIGÊNCIA TOTAL” DO ESTADO
A embaixadora do Líbano na Jordânia, Tracy Chamoun, apresentou esta quinta-feira a sua demissão, dizendo que a “negligência total” das autoridades libanesas sinalizava a necessidade de uma mudança de liderança. Numa declaração televisionada, a diplomata afirmou que “não poderia tolerar mais” a inépcia do Governo.
“Anuncio a minha demissão como embaixadora em protesto contra a negligência estatal, o roubo e a mentira”, disse Chamoun, que foi nomeada para o posto em 2017 com o apoio do Presidente do Líbano, Michel Aoun. “O desastre fez soar uma campainha: não devemos mostrar compaixão por nenhum deles e todos devem ir embora”, sentenciou.
Trata-se da segunda demissão de um destacado responsável libanês por causa da explosão, depois de o deputado Marwan Hamadeh se ter demitido na quarta-feira.