Internacional

Coronavírus mata pela primeira vez mais de 100 pessoas num só dia. Equipa da OMS chega à China sob críticas

São já 1.018 as mortes em todo o mundo, todas registadas na China continental à exceção de duas. Das mortes confirmadas só na segunda-feira, 103 ocorreram na província de Hubei, epicentro do vírus. A OMS tem sido criticada pela demora na declaração do novo coronavírus como uma emergência internacional e pelo elogio às autoridades chinesas na gestão da crise

Billy H.C. Kwok/Getty Images

As autoridades chinesas de saúde atualizaram esta terça-feira o número de novas mortes associadas ao coronavírus em 108, elevando para 1.018 o número de mortes em todo o mundo (apenas dois óbitos foram registados fora da China continental: um nas Filipinas e o outro em Hong Kong). É a primeira vez que mais de 100 pessoas morrem da doença num só dia, sublinha o jornal “South China Morning Post”.

A Comissão Nacional de Saúde também reportou 2.478 novos casos confirmados da doença, elevando o total para 42.638 na China continental e para 43.102 em todo o mundo.

Das mortes registadas só na segunda-feira, 103 ocorreram na província de Hubei, epicentro do vírus, e cinco noutras províncias chinesas.

Mais de 1.550 dos novos casos foram confirmados na capital de Hubei, Wuhan, onde se acredita que o vírus terá tido origem num mercado de marisco e carne em dezembro.

O vírus já se espalhou a pelo menos 24 outros países e a duas regiões administrativas especiais chinesas: Macau e Hong Kong. Para conter a epidemia, as autoridades da China impuseram restrições em mais de 80 cidades de quase 20 províncias.

Cerca de 160 milhões de regresso ao trabalho

Milhões de pessoas regressam ou preparam-se para regressar ao trabalho após uma pausa prolongada das festividades do Ano Novo Lunar. O Governo de Pequim já deixou claro que a reabertura das empresas não deve ser dificultada por restrições “grosseiras e simplistas”.

De acordo com o diretor do departamento de serviços de transportes, espera-se que cerca de 160 milhões de pessoas regressem às cidades onde trabalham durante a próxima semana.

Muitas autoridades locais restringiram o acesso a transportes públicos e a saída das pessoas das suas comunidades, além de adotarem um sistema de registo e de requisitos de aprovação prévia para empresas que planeiem retomar a produção. Alguns empresários foram detidos por terem retomado o trabalho antes de serem autorizados a fazê-lo.

Médico que liderou resposta ao ébola chefia equipa da OMS

Uma equipa de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) chegou entretanto à China. O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, esclareceu que eles “estabelecerão as bases para uma equipa internacional maior”, que se juntará “o mais rapidamente possível”.

O grupo é encabeçado por Bruce Aylward, que liderou a resposta da OMS ao ébola, além de campanhas de imunização, controlo de doenças transmissíveis e erradicação da poliomielite.

A organização tem sido criticada pela demora na declaração do novo coronavírus como uma emergência de saúde de âmbito internacional e pelo elogio às autoridades chinesas na gestão da crise. Internamente, o Governo de Pequim enfrenta indignação, entre outras coisas, pela morte do médico Li Wenliang, que alertou para o vírus, e a subsequente censura de notícias sobre o assunto ou de queixas relativas a cuidados de saúde e à quarentena de milhões de pessoas.