Há uma bissetriz a passar pelo meio dos Estados Unidos: 50% quer Donald Trump fora da Casa Branca, outra metade não. A maioria das sondagens que foram publicadas antes do início do julgamento do impeachment, que começou na terça-feira e durou até às 7h da manhã de Portugal continental (2h da manhã em Washington), mostram que a percentagem pouco difere de pesquisa para pesquisa: a da SSRS, para a CNN, publicada na segunda-feira, mostra 51% dos norte-americanos a favor da destituição do Presidente, enquanto que uma sondagem da mesma empresa em novembro fixava essa tendência nos 50%. Em dezembro esse número desceu um pouco, com 45% dos inquiridos a defender a remoção de Trump.
Como também seria de esperar, os democratas apoiam esmagadoramente a destituição de Trump, os republicanos repudiam quase na sua totalidade essa hipótese. Uma análise à página de análise política com base em estatísticas, a FiveThirty-Eight, mostra que, a 20 de janeiro, 87.7% dos democratas apoiavam o impeachment, uma vontade expressa apenas por 11.1% dos republicanos. Os norte-americanos que se identificam como independentes mostram-se quase tão divididos como a sondagem principal que apresentamos no início do texto: 48.5% apoiam a remoção de Trump.
Do outro lado estão os níveis de popularidade de Donald Trump entre os republicanos. O Presidente teve em 2019 o seu melhor ano, segundo a Gallup, com uma média de 42% de aprovação por parte do público em geral e 89% entre os republicanos (um número que se está a aproximar dos 95% que Trump tantas vezes já disse, nos seus comícios e entrevistas, reunir). Do lado dos democratas apenas 7% aprovam o trabalho que Trump está a fazer, uma percentagem que nunca foi tão baixa. Os 82% de diferença entre a aprovação democrata e aprovação republicana deste presidente é a mais dilatada algum dia registada pela Gallup.
Se continuarmos a consultar páginas de empresas de sondagens, continuamos a encontrar divisões. Por exemplo, a Marist publicou recentemente um estudo de opinião sobre o comportamento de Trump: 88% dos democratas disseram que Trump não tem qualquer problema em incentivar a interferência eleitoral para seu proveito, enquanto apenas 13% dos republicanos concordam com a afirmação. Já 51% de quem se assume independente também acha que o Presidente está confortável com interferências na democracia norte-americana.
Sobre a questão de se este julgamento vai ou não ser justo, 53% dos entrevistados disseram que os republicanos farão um julgamento justo e 50% disseram que os democratas querem a inclusão de mais testemunhas e provas adicionais durante o julgamento apenas porque isso tornaria o processo mais mais justo. Mas quase exatamente o mesmo número de pessoas que consideram justa a forma como os republicanos estão a conduzir o julgamento disseram que desaprovam dessa mesma conduta.