A erupção do vulcão na White Island, Nova Zelândia, vai ganhando palavras para a pintar. Ou, certamente, para lhe conferir o grau de devastação e pânico que gerou. Mark Law, o patrão de uma empresa que habitualmente faz o transporte de turistas para aquela ilha, esteve entre 40 e 50 minutos em White Island e salvou alguns visitantes.
“Ambos aterrámos [dois helicópteros] no centro da ilha onde sentimos que estava tudo bem”, contou ao “Guardian” Mark Law, relatando a decisão de se deslocarem para White Island sem saberem se haveria equipas médicas. “Fomos dar um olho a todos. Cuidávamos daqueles que estavam mais angustiados. Queríamos tranquilizá-los. Encontrámos pessoas mortas, a morrer e outras vivas mas em diversos estados de inconsciência.”
Law, um ex-militar com missões em conflitos africanos, menciona ainda a poeira ácida que ameaçava os motores do helicóptero, como se estivessem a penetrar um manto de pó de talco. “Era muito difícil respirar e, sem a máscara de gás, estávamos a desesperar por ar, mas a adrenalina sobrepôs-se. Prefiro quebrar algumas regras e salvar algumas vidas do que ficar sentado a pensar no que poderia ter feito. As queimaduras eram horríveis. Muitas pessoas não conseguiam falar. Estava tudo sossegado. As únicas palavras eram algo como ‘ajuda’. Estavam cobertos de cinza e poeira. Estávamos a apanhá-los e a pele deles ficava nas nossas mãos.”
A erupção daquele vulcão matou pelo menos seis pessoas, sendo que se assume que oito dos desaparecidos tenham tido o mesmo destino. De acordo com o diário britânico, 27 dos 31 visitantes que foram levados para o hospital tinham queimaduras em 30% do corpo. O número de vítimas mortais é provável que suba, segundo as autoridades.
Tom Starey, o tripulante do outro helicóptero, revelou a uma TV local que tinham a intenção de regressar mas que lhes foi dito para não o fazerem.