Boris Johnson assegura que o Governo britânico tem para apresentar à União Europeia um conjunto de “propostas muito construtivas e de longo alcance” para romper o impasse do Brexit.
Em declarações à BBC, o primeiro-ministro confirmou que o plano do Reino Unido inclui alguns controlos alfandegários na Irlanda após o Brexit. Segundo Johnson, “absolutamente mínimos” e sem que envolvam “nova infraestrutura".
A “proposta final” será remetida à União Europeia esta quarta-feira, com o objetivo de concluir um novo acordo para o 'Brexit' “justo e razoável”, refere um comunicado do Executivo, onde se pode ler que “se Bruxelas não dialogar sobre esta proposta, então este Governo deixará de negociar até que deixemos a União Europeia”.
O documento acrescenta que o chefe do Governo vai apresentar as propostas formais no discurso de encerramento no congresso conservador em Manchester, também na quarta-feira.
Por sua vez, a Comissão Europeia rejeitou esta terça-feira confirmar se os planos alternativos do Reino Unido para o 'backstop' consistem em postos aduaneiros afastados da fronteira irlandesa. A porta-voz do executivo comunitário limitou-se a dizer que não podia confirmar a informação, lembrando estar a respeitar a vontade de Londres de que as propostas sejam secretas.
Evitando qualquer questão sobre o conteúdo dos quatro documentos já endereçados por Londres a Bruxelas e que estão a ser discutidos a nível técnico, a porta-voz da Comissão Europeia confirmou que o Reino Unido pediu para que "estes documentos não sejam partilhados fora das equipas negociadoras".
A estação de televisão pública irlandesa RTE revelou na segunda-feira que a criação de uma série de postos aduaneiros ao longo dos dois lados da fronteira irlandesa faz parte das propostas de Londres para substituir o mecanismo de salvaguarda designado 'backstop'. “Não é de todo o que estamos a propor”, reagiu simplesmente o primeiro-ministro britânico, sem adiantar pormenores.
A fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte tem sido uma parte controversa das negociações do Brexit desde o início. O governo britânico prometeu apresentar propostas concretas para substituir o 'backstop', a solução de último recurso incluída no Acordo de Saída negociado pela antecessora Theresa May e Bruxelas, antes do Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro.
O mecanismo consiste em criar um “território aduaneiro comum”, abrangendo a UE e o Reino Unido, no qual não haveria quotas ou tarifas para produtos industriais e agrícolas que circulassem na ilha da Irlanda.
Esta solução só entraria em vigor após o período de transição, inicialmente previsto para durar até ao final de 2020, caso não fosse encontrado outro mecanismo, mas Boris Johnson considera que é "antidemocrática" porque sujeita o Reino Unido a regras da UE depois do 'Brexit', agendado para 31 de outubro.
Artigo atualizado às 23h45