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Sondagens à boca das urnas apontam para empate entre Netanyahu e o seu rival Benny Gantz

Além do empate técnico, as sondagens realizadas à boca das urnas mostram que o partido de Avigdor Liberman, antigo aliado de Netanyahu que impediu que este formasse governo nas eleições anteriores, será decisivo para a formação de qualquer coligação

JACK GUEZ/GETTY IMAGES

O partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o Likud, está empatado com o partido Azul e Branco, de Benny Gantz (centro), de acordo com as sondagens realizadas à boca das urnas, no dia em que cerca de seis milhões de pessoas estavam registadas para exercer o seu direito de voto nas eleições legislativas israelitas, as segundas realizadas em menos de seis meses.

O número de deputados que cada um dos partidos poderá eleger varia. A sondagem realizada pelo Canal 13 mostra que o partido de Benny Gantz poderá ter 33 deputados e o Likud 31, enquanto outra sondagem, da estação televisiva israelita Kan, indica o mesmo número de deputados eleitos pelos dois partidos rivais.

O que as sondagens também mostram, e que já se sabia mesmo antes do sufrágio, é que o partido de Avigdor Liberman, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Netanyahu e da Defesa, cujas sondagens dão entre 8 a 10 deputados eleitos, poderá ser decisivo para a formação de qualquer coligação de governo (o bloco conservador liderado por Netanyahu, e que integra a coligação Yamina e dois partidos religiosos ultraortodoxos, Shas e Judaismo da Torah Unida, poderá eleger entre 54 a 57 deputados, dependendo das sondagens, longe dos 61 necessários para ter a maioria no parlamento).

E os membros do partido de Liberman já perceberam isso, tendo celebrado com alguma efusividade a divulgação destes resultados preliminares, segundo o “Times of Israel”. A mensagem oficial, por agora, é a de que o partido pretende fazer pressão para que seja formado um governo de unidade nacional secular com o Likud, o Partido Azul e Branco e o seu próprio partido, o Israel Nosso Lar, hipótese que nunca foi totalmente descartada, ainda que com uma condição já imposta por parte do partido de Gantz: que Netanyahu abandone o governo.

Assim que os resultados forem mais claros, o Presidente israelita, Reuven Rivlin, irá reunir-se com os líderes do dois partidos para discutir as suas hipóteses de formar governo, anunciou o próprio, acrescentando que irá encarregar o líder “mais bem posicionado” de formar uma coligação. O objetivo principal é mesmo o de “evitar novas eleições”.

Porque é que Israel está a votar pela segunda vez em menos de seis meses?

Embora nas últimas eleições, realizadas em abril, o Likud e o Azul e Branco tenham eleito 35 deputados cada, num universo de 120, esperava-se que Netanyahu conseguisse formar um governo e, assim, avançar para o quinto mandato consecutivo — o Presidente Reuven Rivlin disso o incumbiu — mas não foi o que aconteceu.

Dos 65 lugares que conseguiria, na teoria, garantir, ocupados pelos partidos que formam a sua coligação de direita, cinco pertenciam ao partido de Liberman, que decidiu que, afinal, não estava disposto a entrar no esquema de juntar assentos. Uma das suas reivindicações — a de aprovar um projeto de lei que aumenta a participação dos membros da comunidade ultraortodoxa e é apoiado pelas IDF (Israel Defense Forces) — havia ficado sem resposta e o político de direita optara por retirar o seu apoio.

Ao fazê-lo, emergiu a hipótese de o primeiro-ministro não ser capaz de formar uma coligação para governar e Netanyahu, não querendo que essa missão fosse atribuída a outro membro do Parlamento, como o líder da oposição Benny Gantz ou outro deputado membro do seu partido ou outro deputado que o presidente israelita achasse que teria hipóteses de ser bem-sucedido, decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições.

Para Netanyahu trata-se de assegurar a sua sobrevivência política, mas também a sua liberdade, já que poderá vir a ser acusado de fraude, suborno e quebra de confiança. Em fevereiro, o procurador-geral israelita, Avichai Mandelblit, recomendou que o primeiro-ministro israelita fosse acusado desses crimes, estando previsto para outubro o anúncio de uma decisão final. Ainda assim, poderá tecnicamente assumir as suas funções enquanto primeiro-ministro, dependendo, claro, da posição assumida em relação a isso pelos seus eventuais parceiros de coligação.

Recentemente, Netanyahu disse que ter a “intenção de estender a soberania israelita ao Vale do Jordão e ao Norte do Mar Morto” (cerca de 30% do território palestiniano ocupado da Cisjordânia) se vencer as eleições e isso diz bastante sobre os próximos anos de governação, se for ele o primeiro-ministro. “Isso será o prelúdio para mais anexações noutras partes da Cisjordânia”, escreveu Natan Sachs, investigador e diretor do Centro para a Política do Médio Oriente do Brookings Institution, num artigo publicado recentemente.

Como ficam os restantes partidos, segundo as sondagens à boca das urnas?

Segundo as mesmas sondagens realizadas à boca das urnas, o movimento Lista Unida, que reúne os partidos árabes, deverá ser a terceira lista mais votada no parlamento (obtendo entre 11 a 13 deputados), seguindo-se o partido de Liberman, Israel Our Home (10 deputados segundo a estação televisiva Kan e oito segundo o Canal 13), o partido ultra-ortodoxo Shas (que poderá alcançar entre oito a nove deputados, e o Judaísmo Unido pela Tora, que poderá eleger oito deputados. À coligação de partidos de direita e ultra-direita, a Yamina, liderada por Ayelet Shaked as sondagens atribuem entre seis a oito deputados, e ao Labes-Guesher, que une o histórico Partido Trabalhista e um dos partidos de centro-direita, e à União Democrática, entre cinco a seis deputados.

Esperançoso de ter representação no Parlamento israelita pela primeira, o partido extremista Poder Judaico, que é liderado por Otzmá Yehudit, poderá ser obrigado a rever expectativas, uma vez que não irá atingir os 3,25% de votos necessários para eleger um deputado, algo que, segundo as contas já feitas, também facilitaria a vida de Netanyahu.