Um atraso de 38 minutos custou o cargo à ministra do Ambiente do México. Não exatamente por Josefa González Blanco ter chegado fora de horas a um compromisso, mas pelo facto de o seu atraso ter provocado o adiamento da partida de um voo, forçando os restantes passageiros a esperar pela sua chegada ao aeroporto.
Num país onde o Presidente diz governar para o povo, o abuso caiu especialmente mal, a ponto de entrar em cena o próprio chefe de Estado, Andrés Manuel López Obrador. Segundo explicou o Presidente, na sexta-feira a ministra deveria voar da Cidade do México para Mexicali, localidade na fronteira dos EUA. Por motivos que não esclareceu, acabou retida e acabou por pedir a um executivo da companhia aérea mexicana – alegadamente seu amigo – para reter o avião, para que pudesse embarcar.
“Tiveram de esperar por ela”, reconheceu López Obrador no sábado, descrevendo o caso como uma “situação muito lamentável”.
Mais pormenores do incidente foram partilhados por um dos passageiros afetados, que tirou uma fotografia de Josefa Blanco, partilhando-a no Twitter. Segundo Jorge Rioja, o voo 198 da Aeroméxico estava prestes a descolar quando o piloto anunciou que tinha de voltar por causa de uma “ordem presidencial” para esperar por um passageiro atrasado. Rioja acrescentou noutro tweet uma foto da ministra, já sentada no avião.
Por ironia, a entrada no voo valeu-lhe a saída do Ministério. Exposta publicamente, González Blanco demitiu-se, pedindo desculpa por violar os esforços para limpar a vida pública mexicana. “Não há justificação”, escreveu na carta de demissão. Viria mais tarde a ilibar López Obrador de qualquer intervenção no incidente. “Sou a única culpada”, partilhou no Twitter.
López Obrador, ou Amlo como ele é mais conhecido, tomou posse em dezembro passado e uma das suas promessas foi retirar aos políticos mexicanos e funcionários públicos os seus privilégios, incluindo forçá-los a viajar em voos comerciais em vez de jatos particulares ou helicópteros.