Com as eleições gerais de 9 de abril a aproximarem-se, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu faz o que costuma fazer nessas ocasiões: sobe a retórica. Da última vez, deixou escapar em plena campanha, como quem fala casualmente, que jamais haveria um Estado palestiniano enquanto ele estivesse no poder. Agora, veio afirmar abertamente que Israel é o Estado-nação dos judeus.
A afirmação foi feita na sua conta de Instagram, em resposta a um outro post no mesmo site, escrito por uma popular modelo e apresentadora, Rotem Sela. Sela tinha visto a ministra da Cultura, Miri Regev, repetir uma acusação que Netanyahu e o seu campo politico têm dirigido com frequência à aliança entre o general Benny Gantz e o ex-ministro das Finanças Yair Lapid, que neste momento têm vantagem nas sondagens.
A acusação é que essa aliança terá de depender de deputados árabes no Parlamento para formar governo, e portanto fará concessões aos árabes que neste momento não se atreve a admitir. Sela comentou no seu post: “Qual é o problema com os árabes??? Meu Deus, também há cidadãos árabes neste país. Quando diabo dirá alguém do governo ao público que Israel é um Estado de todos os seus cidadãos e que todas as pessoas foram criadas iguais e mesmo os árabes e os druzos e – choque – os esquerdistas são humanos”.
Este domingo, Netanyahu respondeu, também no Instagram: “Cara Rotem, uma correção importante: Israel não é um Estado de todos os seus cidadãos. Segundo a lei de Estado-nação que nós aprovámos, Israel é o Estado-nação do povo judeu – e de mais ninguém. Conforme diz, não há nenhum problema com os cidadãos árabes de Israel. Têm direitos iguais e o governo do Likud investiu mais na população árabe do que qualquer outro governo”.
Numa altura em que o procurador-geral do país anunciou que tenciona acusá-lo formalmente de corrupção, Netanyahu enfrenta a batalha política da sua vida, e nem ele nem o seu partido podem ceder um milímetro quando se trata de captar votos à direita. Após o post de Sela, Regev também respondeu: “Não temos um problema com os árabes. Temos um problema com hipocrisia e com Lapid e Gantz tentarem esconder o facto de serem esquerdistas mascarando-se de centristas”.