Internacional

Nicolás Maduro aceita ajuda humanitária oferecida pela União Europeia e quer pagá-la

Presidente venezuelano diz que o país não é “mendigo de ninguém” e que pagará toda a ajuda que chegue da União Europeia ou do Brasil e entre nas fronteiras de forma “legal”

STRINGER / REUTERS

Lusa e Expresso

Nicolás Maduro anunciou no discurso desta tarde em Caracas que aceitará uma oferta da União Europeia (UE) para introduzir “legalmente” ajuda humanitária no país. O Presidente venezuelano falava perante uma multidão de apoiantes na capital do país. “A UE, com quem temos grandes diferenças, mandou uma comissão de diálogo, que foi recebida pelo ministro de Relações Exteriores (Jorge Arreaza) e a vice-presidente executiva (Delcy Rodr Rodriguez), e nos fez saber que estavam na disposição de dar assistência e apoio humanitário à Venezuela, legal e formalmente”, explicou.

“Estão (outros) a bloquear-nos os medicamentos, e entregámos-lhes a listagem completa de medicamentos. Estão a bloquear-nos os alimentos, e entregámos-lhes uma lista com as necessidades”, detalhou o Presidente da Venezuela. Maduro concluiu ainda dizendo que “tudo o que enviarem, a Venezuela vai pagar, porque não somos mendigos de ninguém. Que cheguem aos nossos portos, de maneira legal. Aceitamos.”

O discurso do Presidente da Venezuela foi emitido ao vivo através do Twitter:

Também sobre a fronteira com o Brasil, o Presidente venezuelano garantiu estar na disposição de comprar os produtos vendidos no Estado de Roraima. “Ao Brasil, por exemplo, nós estamos na disposição de comprar todo o arroz, açúcar, leite em pó, toda a carne que nos vendam a partir do Estado de Roraima, desde Boavista” (capital do Estado), afirmou.

Nicolás Maduro frisou ainda querer comprar “aos empresários, aos produtores, ao governador de Roraima, pagando em cash (dinheiro).” “Não somos maus pagadores”, enfatizou.

“Querem trazer camiões com leite em pó? Eu compro já, e pago-lhes já. Querem trazer arroz? Eu compro já. Querem trazer carne, que venha, para os mercados populares, para as Clap (caixas com alimentos a preços subsidiados)”, disse.

A entrada de ajuda humanitária, especialmente os bens fornecidos pelos Estados Unidos, no território venezuelano tem sido um dos temas centrais da disputa entre Nicolás Maduro e Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional que há um mês se autoproclamou Presidente interino da Venezuela. As doações oriundas dos Estados Unidos e de outros países encontram-se armazenadas em vários estados vizinhos da Venezuela, como a Colômbia, Brasil e na ilha de Curaçao, nas Antilhas holandesas.

Ao longo do dia, o Expresso tem dado conta dos desenvolvimentos junto às fronteiras com a Colômbia e o Brasil.