A polícia chinesa deteve esta quarta-feira um conhecido marxista na Universidade de Pequim no 125.º aniversário do nascimento de Mao Zedong, fundador da China moderna. A informação foi avançada à agência Reuters por um estudante que não quis ser identificado.
Qiu Zhanxuan, presidente da Sociedade Marxista daquela universidade, foi agarrado e forçado a entrar num carro preto, no exterior da instituição de ensino, por um grupo de “sete ou oito homens à paisana” que se identificaram como polícias, revelou o estudante. Qiu dirigia-se a um memorial pelo aniversário de Mao que ele organizou e em relação ao qual já tinha sido prevenido na véspera por um conselheiro escolar, acrescentou.
Contactado pela Reuters, o Ministério da Segurança Pública não respondeu a um pedido de comentário.
Os alunos da Universidade de Pequim desempenharam um papel central no lançamento do movimento anti-imperialista de 4 de maio de 1919 e dos protestos pró-democracia em Tiananmen em 1989. Mas o ativismo no campus tem sido reprimido na era do Presidente Xi Jinping.
O “grande confronto” entre as “correntes de pensamento” de Mao e Xi
A Reuters lembra a relação incómoda que a China tem com o legado de Mao, que morreu em 1976. O seu aniversário, que se assinala esta quarta-feira, não foi noticiado nos principais jornais do Partido Comunista, revela a agência.
O jornalista freelancer Song Yangbiao também apontou à Reuters a ausência de atividades para comemorar o aniversário de Mao. “Penso que o pano de fundo é a atmosfera em torno do 40.º aniversário da reforma e da abertura”, disse, referindo-se aos eventos oficiais que celebram o início das reformas económicas da China. Na semana passada, Xi proferiu um discurso em que afirmou que o país não recebe lições de ninguém.
“Lembrar o Presidente Mao levará a um grande confronto entre as duas correntes de pensamento”, concluiu Song.