Pelo menos nove jovens ativistas de esquerda, que lutam por mais direitos e mais proteção para os trabalhadores, foram detidos nas principais cidades da China desde agosto. A informação foi avançada esta quarta-feira pela CNN, que fala numa forte escalada na campanha de Pequim contra o ativismo estudantil nos campus universitários.
“Toda a universidade está sob o terror de os guardas virem atrás de nós, mesmo que estejamos apenas no local onde os ativistas distribuem panfletos”, disse um estudante da Universidade de Pequim à estação de televisão norte-americana. De acordo com uma carta aberta amplamente divulgada, na sexta-feira um outro estudante, Zhang Shengye, foi atacado e arrastado por várias pessoas com casacos pretos para dentro de um carro.
Um movimento estudantil de base, liderado por ativistas que se autodenominam marxistas e apelam a mais direitos para os trabalhadores, tornou-se um problema crescente para o Governo chinês nos últimos anos. Sob o comando do Presidente Xi Jinping, as autoridades têm reprimido cada vez mais todas as formas de dissidência, incluindo ativistas de direitos humanos, organizações religiosas e grupos de defesa dos direitos laborais.
A ironia de um Governo socialista reprimir jovens marxistas
Ativistas e analistas não deixam, no entanto, de apontar a ironia de um Governo socialista chinês, liderado pelo Partido Comunista e, por isso, teoricamente pró-operário, reprimir jovens marxistas. Paradoxalmente, Xi Jinping tem estimulado entusiasticamente o país a abraçar as suas raízes marxistas desde que assumiu a direção do partido em 2012.
A repressão crescente remonta a uma disputa no sul da China que começou em junho, quando um grupo de trabalhadores da Jasic Technology de Shenzhen apelou à formação de um sindicato. O Governo recusou o pedido e, após um mês de petições, dezenas de trabalhadores foram detidos pela polícia, segundo o grupo. Outros alegam ter sido espancados pelo pessoal de segurança durante os protestos.
Apesar dos desaparecimentos e ataques dos últimos meses, nem todos os ativistas pensam desistir. No domingo, defensores dos direitos laborais divulgaram uma outra carta aberta pedindo a libertação dos seus antigos membros.