O acordo ficou fechado. Paul Manafort coopera com a investigação à alegada interferência russa nas eleições de 2016 e admite a culpa de dois crimes. Em troca, não é julgado novamente. O ex-diretor da campanha presidencial de Donald Trump assume-se como culpado de um crime de conspiração contra os EUA e outro de conspiração por tentar manipular testemunhos e impedir a Justiça de chegar à verdade.
Esta sexta-feira, de acordo com documentos judiciais obtidos pela imprensa norte-americana, Manafort conseguiu “um acordo de cooperação” com o procurador Andrew Weissmann, em que são retiradas as acusações. Desta forma, evita um segundo julgamento, que estava marcado para a próxima semana em Washington D.C., relacionado com serviços que terá prestado em representação de políticos russos e oligarcas na Ucrânia.
Após ter negado sempre as acusações, no mês passado Manafort foi considerado culpado de cinco crimes relativos à declarações de impostos falsas, um de não ter entregado uma declaração de IRS a que era obrigado e dois crimes de fraude bancária. Desde então, a defesa tem estado em negociações com os procuradores, o que culminou no acordo agora conhecido.
Donald Trump não tardou em clarificar a sua posição depois das notícias de que o seu ex-diretor de campanha tinha assumido a culpa. Em comunicado, a Casa Branca garantiu que isto não está de forma alguma relacionado com Trump. “Isto não tem nada que ver com o Presidente ou com a sua campanha vitoriosa de 2016. Está totalmente desassociado”, referiu a administração norte-americana num curto comunicado assinado pela porta-voz.
O julgamento de Paul Manafort foi o primeiro que resultou da investigação do procurador Robert Mueller à alegada interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas, a que Trump já se referiu como uma “caça às bruxas”.
Recentemente, outros homens próximos do atual Presidente dos EUA foram dados como culpados ou deram-se como culpados de uma série de crimes – não todos necessariamente relacionados com a investigação à intervenção russa. George Papadopoulos, ex-conselheiro da campanha presidencial de Trump, foi condenado por ter mentido aos investigadores sobre os seus encontros com pessoas ligadas à Rússia.
Michael Flynn, ex-conselheiro para a Segurança Nacional confessou ter mentido ao FBI, e Rick Gates, um protegido de Manafort e também envolvido na campanha para a presidência, disse ter conspirado contra os EUA e prestou falsos testemunhos ao FBI. Já Michael Cohen, que foi advogado pessoal de Trump durante dez anos, admitiu a culpa nos crimes de fraude bancária e fiscal, bem como por violação das leis do financiamento de campanhas eleitorais.