Internacional

Testemunha acusa vereador e ex-polícia militar de planearem a morte da brasileira Marielle Franco

Crime começou a ser arquitetado em junho do ano passado e foi motivado pelo desagrado provocado pela crescente influência da vereadora do PSOL na Zona Oeste, disse o homem que, segundo o jornal “O Globo”, procurou a polícia para denunciar os mandantes, a troco de proteção

Fabio Vieira / FotoRua / NurPhoto via Getty Images

Um homem que diz ter estado ligado a uma milícia do Rio de Janeiro procurou a polícia brasileira para acusar um vereador e um ex-agente da Polícia Militar de serem os responsáveis pelo assassínio da vereadora do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Marielle Franco, morta a tiros no dia 14 de março.

A notícia é avançada pelo jornal “O Globo”. Segundo a testemunha, cuja identidade não foi revelada, foram Marcello Siciliano, vereador do partido de centro-direita PHS (Partido Humanista da Solidariedade) e Orlando Oliveira de Araújo, ex-polícia preso por comandar uma milícia, quem planeou o crime, que terá começado a ser pensado em junho do ano passado.

Em troca de proteção, a testemunha fez três depoimentos à Divisão de Homicídios da Polícia Civil, escreve o jornal. Além de mencionar datas, horários e até supostos locais de reuniões entre os dois homens que acusou, adiantou os nomes das quatro pessoas que teriam sido escolhidas para matar a vereadora. Garantiu ter presenciado pelo menos quatro conversas suspeitas e disse que dois homens foram mortos depois do atentado, por necessidade de fazer desaparecer qualquer rasto.

Quanto à motivação para o crime, a testemunha explicou que a crescente influência de Marielle Franco em áreas sob a alçada da milícia e a expansão das suas ações comunitárias na Zona Oeste eram encaradas com preocupação. O mesmo acontecia pelo apoio que passou a dar aos moradores da favela Cidade de Deus.

Aos agentes, o homem disse ter sido coagido a trabalhar com a milícia, tendo colaborado como uma espécie de segurança ao serviço de Orlando Oliveira de Araújo.

Ao jornal “O Globo”, o vereador acusado desmentiu categoricamente a testemunha, adiantando que as alegações são “totalmente mentirosas”. Disse ainda não conhecer Orlando Oliveira.

Desde que Marielle foi assassinada no Rio de Janeiro - num atentado onde morreu também o seu motorista, Anderson Gomes, a 14 de março passado - a polícia não prendeu qualquer suspeito. A principal linha de investigação segue a pista de um crime com motivações políticas, que teria sido encomendado por elementos das milícias.