Projetos Expresso

Portugal quer ser ponte digital para o mundo

A atração de investimento tecnológico para Portugal e o trabalho que está a ser feito para tornar as empresas mais competitivas e integradas no sistema digital global esteve em destaque na manhã do segundo dia do Fórum Portugal Digital, organizado pelo Portugal Digital e o INCoDe 2030 com o apoio do Expresso

Mesmo com os efeitos adversos da pandemia, o investimento estrangeiro em Portugal atingiu em 149,6 mil milhões de euros em 2020, o valor mais alto da série de dados do Banco de Portugal, e o ecossistema económico continua dar mostras de vitalidade e de capacidade de atração, como é exemplo o recente anúncio do projeto "Sines 4.0". O digital não para e a competição global é feroz, pelo que é essencial continuar a apostar no reforço das capacidades tecnológicas do país e na construção de uma imagem moderna que continue a trazer investidores e empresas.

"Sem cidadãos que tenham competências digitais não podemos ter um contexto em que as empresas funcionem digitalmente", defende Pedro Siza Vieira. O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital falou no arranque do segundo dia do Fórum Portugal Digital - organizado pelo Portugal Digital e o INCoDe 2030 com o apoio do Expresso - e deixou claro o corte com o passado que a visão digital se propõe a representar. "Já não se atrai investimento nacional e estrangeiro com base em baixos custos de produção ou baixos custos fiscais", acredita o ministro, que destacou o papel das PME e a "rede de centros de competências" que está a ser criada para as ajudar e com foco na cibersegurança, inteligência artificial ou cloud. "Nesta corrida não só não podemos ficar para trás como temos que acelerar", atira.

Trata-se de uma corrida onde Portugal ambiciona funcionar como uma ponte entre todos os pontos de mundo, com o desenvolvimento de um ecossistema empresarial e de startups que seja capaz de ombrear com os mais desenvolvidos a nível mundial e seja capaz de promover inovação tecnológica do mais alto nível. Daí a importância da implementação das Zonas Livres Tecnológicas e de um quadro legal específico que permita testar as ferramentas digitais mais avançadas em infraestruturas de investigação altamente especializadas. O objetivo é "perceber como a tecnologia interage com as pessoas e com a sociedade, como é usada", aponta José Felizardo, presidente executivo do Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel. E Portugal pode dar cartas neste campo, crê-se.

Conheça os principais tópicos de discussão desta manhã.

Destacar pelo digital

  • Portugal quer reforçar a competitividade da economia e o Plano de Ação para a Transição Digital oferece algumas pistas nesse sentido
  • É importante trabalhar para criar "empresas mais competitivas e abertas ao mundo", afirma Pedro Siza Vieira
  • Por isso medidas como o reforço da formação digital na economia e das iniciativas de ligação digital dentro do ecossistema, assim como a criação de novas infraestruturas e novos quadros legais, para criar uma economia mais capaz de fixar talento e atrair mais investimento e empresas estrangeiras
  • Como referiu a diretora-geral da Direção Geral das Atividades Económicas, Fernanda Ferreira Dias, o objetivo é que pelo menos 90% das empresas atinjam pelo menos um nível mínimo de maturidade digital
(Da esq. para a dir.) Bernardo Correia (Google), Paula Panarra (Microsoft Portugal), Sérgio Catalão (Nokia) e Marco Costa (Talkdesk) marcaram presença num painel dedicado à captação de investimento, juntamente com Miguel Alava (AWS), que participou remotamente
NUNO FOX

Startups

  • €436 milhões é quanto foi investido nas startups portuguesas em 2020, segundo o presidente executivo da Startup Portugal, Simon Schaefer
  • Uma percentagem cada vez maior desse montante (76%) representa capital estrangeiro e os responsáveis estão confiantes que a tendência é continuar a subir
  • A "capacidade que tivemos nos últimos anos representa aquilo que é o nosso talento na engenharia e na gestão", diz Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal

Dar o próximo passo

  • "Nunca tivemos em Portugal o contexto que permita ir um bocadinho mais longe", lembra Eduardo Bacelar, da Agência da Inovação, naquela que é uma situação que os intervenientes querem mudar
  • As Zonas Livres Tecnológicas podem ser um passo nesse sentido ao oferecer espaços com enquadramento legal específico e adequado à experimentação de tecnologias inovadoras
  • Abre-se com esta e outras medidas "uma oportunidade para os inovadores capazes de aproveitar o que o 5G", por exemplo, "pode oferecer", refere Hugo Santos Mendes, secretário de Estado Adjunto e das Comunicações