Tudo pode acontecer no espaço de um ano, mas em poucos terá acontecido tanto como nestes 12 meses, desde a apresentação em 2020 do Plano de Ação para a Transição Digital. A pandemia mostrou a importância da qualificação digital e fez com que muitas mudanças em discussão passassem rapidamente a ser realidade, ao mesmo tempo que colocou a nu muitas desigualdades crónicas. Por isso, é hora de rever as metas e perceber quais as necessidades mais prementes para fazer face à nova realidade digital.
Respostas que, ao nível do sector público, começaram a ser dadas hoje. O Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, foi o palco do primeiro de quatro dias do Fórum Portugal Digital (conheça todos os participantes AQUI) – organizado pelo Portugal Digital e o INCoDe 2030 com o apoio do Expresso – e em que uma série de responsáveis levantaram um pouco o véu sobre os objectivos governativos neste campo. Desde o já mencionado plano à reestruturação do Programa INCoDe.2030, com passagem pelo Plano de Recuperação e Resiliência, as intenções são muitas.
“A transição digital não pode ser algo apenas ao alcance de alguns, tem que ser uma transição justa”, lançou a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, no arranque do evento, com a certeza estamos perante um "momento de transformação da nossa economia" e uma "oportunidade para reduzir desigualdades". Algo que deve ser encarado ainda com mais cuidado quando parece claro que "continuamos a apresentar muitas fragilidades ao nível das competências digitais da população", aponta a coordenadora do INCoDe.2030, Luísa Ribeiro Lopes.
À importância de qualificar cada vez mais pessoas e prepará-las para os novos desafios digitais, acresce a necessidade de combater as desigualdades de género, que continuam a afetar desproporcionalmente o sector digital.
80%
é a percentagem de europeus que se pretende que tenham competências digitais básicas até 2030
Conheça as principais conclusões da manhã e esteja atento ao Expresso para depois saber o que se discutiu à tarde.
Resposta à pandemia
- A covid-19 fez acelerar a transição digital e colocou, mais rapidamente do que alguma vez tinha acontecido, mais pessoas e serviços na esfera digital
- "Não fiquei surpreendido com a resposta rápida", revelou André de Aragão Azevedo, secretário de Estado para a Transição Digital
- A adaptação é demonstrativa do grande salto que Portugal deu nos últimos anos, mas mostra também que é preciso apostar nas qualificações digitais e em projetos de inclusão (sociais, geográficos e de género) para que o passo acelerado da transformação não deixe parte da população para trás
Aumentar qualificações
- Qualificações digitais? São "competências que temos que renovar cada vez mais rapidamente", refere o secretário de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação Profissional, Miguel Cabrita
- A formação deve ser contínua, não acaba "no dia em que terminamos o curso", defende João Sobrinho Teixeira, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
- Programas governamentais vão no sentido de criar maiores sinergias entre associações empresariais e académicas para que a digitalização seja desenvolvida para benefício da população e da capacidade produtiva e científica
Desigualdade de género
- Subsistem "significativas dificuldades de género", lembra Luísa Ribeiro Lopes
- Esbater estas diferenças é um dos pontos essenciais do programa de transição digital, numa mudança que começa com o combate aos estereótipos e barreiras que continuam a fazer parte do fabrico da sociedade
- Estão a ser implementadas medidas para lidar com este problema e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, acredita que esse trabalho é determinante "para quebrar ciclos de pobreza e exclusão" e para "garantir que as mulheres têm uma oportunidade de inclusão"