Transportes

Aeroporto: NAV rejeita que estejam resolvidos problemas de navegabilidade em Santarém

NAV confirma “contactos informais” com os promotores do aeroporto em Santarém, mas rejeita que os problemas de navegabilidade pela proximidade à base aérea de Monte Real estejam ultrapassados. Esclarecimento da NAV surge depois da Comissão Técnica Independente ter reavaliado no relatório final a opção Santarém

Luís Barra

A NAV confirmou esta terça-feira que teve “contactos informais” com os promotores do aeroporto em Santarém, mas rejeitou que os problemas de navegabilidade pela proximidade à base aérea de Monte Real estejam ultrapassados, sendo necessários novos estudos.

O esclarecimento da NAV surge depois da Comissão Técnica Independente ter reavaliado no relatório final a opção Santarém e considerou-a uma localização viável, revendo a decisão do relatório preliminar apresentado a 5 de dezembro, mas admitindo que poderia funcionar apenas como aeroporto complementar e não hub. Consideração que os promotores de Santarém contestam alegando que têm condições de navegabilidade também para ser hub, e que isso resulta da afinação da navegabilidade do projeto, feita na sequência de reuniões com a NAV.

Não é essa a visão da organismo responsável pela navegação aérea. Contactada pela Lusa, fonte oficial da NAV, confirmou “contactos informais com os promotores do referido projeto, [Santarém]”. Mas acrescenta: “De qualquer forma, e independentemente destes contactos, reitera-se que qualquer alteração de pressupostos requer novos estudos e análises a serem solicitadas pela CTI [Comissão Técnica Independente]”.

Ao Expresso, Carlos Brazão, um dos promotores de Santarém, tinha dito que a decisão da CTI era o “reconhecimento da qualidade do projeto”. E sublinhou “relativamente à escalabidade para ser hub basta analisar o trabalho de afinação das soluções de navegação aérea, consensualizadas com a NAV, ao longo de diversas reuniões técnicas, e apresentada na nossa pronúncia a 26 de janeiro, para perceber que somos um projeto com a escalabidade de um grande hub”.

A CTI publicou na segunda-feira à noite o relatório final da avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto, mantendo a recomendação de uma solução única em Alcochete ou Vendas Novas, mas apontou que Humberto Delgado + Santarém “pode ser uma solução”.

Nesta solução, a comissão refere Santarém como “aeroporto complementar ao AHD (Humberto Delgado), mas com um número de movimentos limitado, não permitindo satisfazer a capacidade aeroportuária necessária no longo prazo”, mas “teria a vantagem de permitir ultrapassar no curto prazo as condicionantes criadas pelo contrato de concessão, tendo ainda como vantagem um financiamento privado”.

Os promotores de Santarém disseram à Lusa que a CTI “não deu a devida atenção ao trabalho desenvolvido sobretudo entre dezembro e janeiro com a NAV”. Trabalho que resultou num conjunto de soluções que permitem resolver os problemas de navegabilidade aérea pela proximidade à base aérea de Monte Real, apontados no relatório preliminar, e escalar para um ‘hub’.

Rosário Partidário garantiu também esta segunda-feira que a CTI não tem qualquer indicação por parte da NAV, responsável pelo controlo da navegação aérea, sobre o que os promotores de Santarém afirmam.

“Nós temos no relatório ambiental, no anexo um, um ofício do Estado Maior da Força Aérea onde está muito claro que não pode haver cedência da área do bloco de Monte Real, temos também um esclarecimento adicional da NAV onde refere justamente que, por causa dessa limitação, Santarém não tem capacidade de movimentos para se constituir como um ‘hub’ intercontinental. Essa situação mantém-se”, assegurou a coordenadora da CTI.

Rosário Partidário explicou que a CTI decidiu diferenciar no relatório final uma solução “potencialmente de mais curto prazo”, de acordo com os tempos apresentados pelos promotores do projeto, em que Santarém tem uma pista que pode ajudar a descongestionar o Aeroporto Humberto Delgado, mas com um menor número de movimentos do que Lisboa.

O relatório final, que está disponível na página aeroparticipa.pt, será formalmente entregue ao Governo em 22 de março, juntamente com o parecer da Comissão de Acompanhamento, presidida por Carlos Mineiro Aires.