"Não correu tudo bem", mas Pedro Nuno Santos continua a afirmar que só autorizou indemnização milionária a Alexandra Reis por achar que era o melhor caminho para a comissão executiva da companhia aérea, que estava "financeiramente saudável", numa altura em que havia uma incompatibilidade insanável entre a CEO e a administradora em questão. Lembrando a coincidência do calendário eleitoral, o ex-ministro diz que o seu "bom nome volta a ser posto em causa em plena campanha eleitoral", como aconteceu "há seis meses", mas disponibiliza-se para colaborar: "Quem não deve não teme", atira.
Numa publicação nas redes sociais intitulada "Os políticos não são todos iguais", o agora deputado do PS mostra-se convicto de que "não foi cometido qualquer crime" por si ou pelos membros do seu gabinete e do governo de que fez parte. "Enquanto ministro, fiz aquilo que tinha de fazer", explica, enquadrando a relação de "irremediável incompatibilização" que havia entre Alexandra Reis e a então CEO Christine Ourmières-Widener: "O normal era uma delas sair".
A partir daí, continua, foi dada autorização à CEO para iniciar o processo de substituição, processo esse onde a TAP foi assessorada "por uma das maiores sociedades de advogados do país" - a SRS Legal, sociedade fundada por Pedro Rebelo de Sousa, onde já foi constituído um arguido. Do lado de Alexandra Reis estava "outra grande sociedade de advogados".
Segundo Pedro Nuno Santos, o processo foi deixado nas mãos dos advogados de ambas as partes e, quando deram a negociação por concluída, o ministro limitou-se a dar "anuência política". "Obviamente que parti do pressuposto de que a solução que a empresa apresentou era legal. Autorizei o fecho porque, apesar do elevado valor da indemnização, era pior manter uma situação de conflito dentro da comissão executiva. Claro que se soubesse que a indemnização era indevida, essa autorização nunca tinha sido dada", escreve.
Na mesma publicação, Pedro Nuno Santos pede "celeridade" ao Ministério Público, lembrando que o caso da indemnização indevida já foi muito escrutinado, tanto numa comissão parlamentar de inquérito "que durou vários meses", como através de uma investigação da IGF. "O Ministério Público está a fazer o seu trabalho no âmbito de uma investigação aberta em janeiro de 2023. Só desejo que possa ser concluído com a maior brevidade, para que fique definitivamente clara a minha participação neste dossiê, que tanto dano já me causou", conclui.
Esta terça-feira, o Ministério Público anunciou que estava a fazer buscas na TAP e no escritório de advogados (SRS Advogados) que assessorou a companhia aérea naquele dossiê. Como o Expresso escreveu, a PJ quer aceder aos emails de Pedro Nuno Santos, que, para já, não é considerado suspeito no caso.