Não são boas notícias para quem sonha chegar ao topo na gestão de uma empresa, nem tampouco para os atuais presidentes executivos (CEO). A cadeira do líder tem um custo associado e pode ser muito elevado. É o que resulta do estudo conduzido por um grupo de investigadores de várias universidades americanas, que mostra que liderar uma empresa durante um período de recessão pode reduzir a esperança de vida do líder em cerca um ano e meio. Mais, recorrendo à inteligência artificial para detetar sinais de envelhecimento visível, os investigadores conseguiram comprovar que os CEO que lideram em contextos económicos ou setoriais hostis e que estão expostos a níveis de stresse prolongados envelhecem visivelmente mais rápido. Cada ano na vida destes líderes equivale a pelo menos dois. É um cenário pouco animador e que para os psicólogos introduz um fator adicional de preocupação: o efeito que este impacto negativo na saúde dos líderes tem no bem-estar e, consequentemente, também na saúde dos trabalhadores.
São muitos os exemplos em que é possível ver a olho nu os efeitos do stresse redesenharem o rosto dos executivos, sobretudo aqueles que lideraram empresas em momentos economicamente desafiantes, como o da última crise financeira. Mark Borgschulte, Marius Guenzel, Canyao Liu e Ulrike Malmendier — investigadores das Universidades americanas de Illinois, Wharton (Pennsylvania), Yale e California Berkeley e autores do estudo “CEO Stress, Aging and Death” (Stress dos CEO, envelhecimento e morte, em tradução livre), recentemente publicado no IZA — Institute of Labor Economics — apontam James Donald, presidente executivo da Starbucks, entre 2005 e 2008, como exemplo. Antes de se tornar CEO, Donald aparentava ter mais ou menos 50 anos, com cabelos escuros e sem rugas vincadas no rosto. Quando cessou funções, após a crise financeira de 2007-2008, a sua imagem era substancialmente diferente. O cabelo já grisalho e o rosto marcado por rugas visíveis conferiam-lhe uma aparência que o fazia parecer cinco anos mais velho do que a sua idade real, apontam os investigadores, que recorreram à inteligência artificial para analisar as alterações físicas dos CEO em funções ao longo dos anos.