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A roda dos alimentos - quanto devo investir em ações

Apesar de um retorno elevado no longo prazo, investir em ações tem o seu risco e nem todos temos a mesma tolerância às perdas que podemos vir a sofrer no nosso património. Investir passa também por decidir quanto vamos arriscar, tomando em consideração o nosso perfil de risco e idade.

Diogo Justino (Millennium bcp)

Descobrir o nosso perfil de risco é tão simples como conhecermo-nos a nós próprios. Sentimos um arrepio quando ouvimos falar em ações? Ficamos nervosos quando a bolsa desce 10%? Ou vivemos confortáveis com o sobe e desce da bolsa e da nossa carteira? A resposta define o nosso perfil entre conservador, moderado e agressivo, restringindo as nossas escolhas nos investimentos.

O investidor de perfil conservador deve dar prioridade aos investimentos sem risco na sua carteira, não ultrapassando os 10% a 15% de ativos arriscados no seu património. O investimento deve estar concentrado em índices acionistas e ações de grandes empresas, que paguem bons dividendos, porque normalmente o preço destas ações é mais estável, encaixando-se perfeitamente no perfil de investimento. Se o perfil do investidor for moderado podem ser alocados entre 25% a 35% do património para ativos de risco e escolher algumas ações de empresas em crescimento, que normalmente têm risco um pouco mais elevado que as grandes empresas. Finalmente, o investidor agressivo deve ter no seu património sobretudo ativos arriscados, por exemplo metade da sua carteira, e escolher empresas em forte crescimento ou em mercados emergentes, uma vez que o seu risco acrescido deverá ser recompensado pelo potencial de retorno superior.

O prazo do investimento também afeta a decisão de investimento

Embora as ações tenham mostrado ao longo de muitos anos serem o ativo que mais valoriza, podem pregar alguns sustos aos investidores no curto prazo. O horizonte de investimento neste ativo deve ser três ou mais anos de modo a evitar as desvalorizações que surgem com crises económicas. Assim, os exemplos de alocação a instrumentos de risco mencionados acima devem ser ajustados em função do período de investimento. Um investidor novo com uma estratégia de longo prazo tem pela sua frente mais anos de vida que lhe permitam beneficiar do rendimento mais alto das ações. Por outro lado, um investidor de maior idade terá um horizonte de investimento mais baixo pois provavelmente vai necessitar mais rapidamente do dinheiro investido.

A estratégia a seguir pelos dois será obrigatoriamente diferente. Imaginando que o objetivo do investimento é criar um pé-de-meia para a reforma, um investidor com 30 anos tem um prazo de investimento maior e deve, portanto, aplicar uma percentagem maior do seu património em investimentos arriscados do que um investidor de 60 anos, que atingirá a reforma mais rapidamente. Não quer isto dizer que o investidor de maior idade não deva investir em ações até porque na perspetiva da continuidade do património da família ao longo de gerações, as ações devem continuar a fazer parte da carteira. No entanto, à medida que os anos vão passando a carteira deve ser ajustada e a componente de instrumentos de risco deve ir diminuindo até ser atingido o objetivo do investimento.

Estas características em conjunto determinam como o investidor vai construir a sua carteira. A idade e o perfil de risco do investidor desempenham um papel de extrema importância na escolha dos investimentos e montantes, sendo meio caminho para não termos sustos com a nossa carteira e podermos beneficiar do maior retorno das ações.

Exemplo de uma carteira de investimento

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