A Fidelidade, seguradora responsável pelos seguros da Carris, decidiu criar uma comissão técnica independente para acompanhamento das indemnizações às vítimas do acidente do Ascensor da Glória, que ocorreu no passado dia 3 de setembro.
O acidente que envolveu o Ascensor da Glória vitimou mortalmente 16 pessoas e fez 22 feridos (graves e ligeiros), de várias nacionalidades. A seguradora quer garantir "não apenas uma atuação eficaz nas múltiplas questões do dia-a-dia, mas também a criação de uma solução externa e independente que assegure a avaliação dos danos corporais e a apreciação das propostas de indemnização apresentadas pela seguradora, em termos que reforcem a confiança das vítimas e das suas famílias, dentro e fora de Portugal, e que possam servir de referência de atuação numa tragédia desta dimensão".
Em comunicado a Fidelidade afirma que a nova comissão "terá por objetivo a avaliação especializada dos danos pessoais resultantes desse acidente e a validação da respetiva quantificação indemnizatória a efetuar pela Fidelidade, de modo a que os processos de indemnização decorram de forma transparente, célere, justa e humanizada".
Comissão composta por especialistas
Segundo a seguradora, a comissão é presidida por Duarte Nuno Vieira, professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e vice-presidente da Confederação Europeia de Especialistas em Avaliação e Reparação do Dano Corporal.
Fazem também parte desta comissão Ricardo Barroso, em representação da Ordem dos Psicólogos Portugueses, bem como Filipe Albuquerque Matos, professor associado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, especialista nas áreas do Direito das Obrigações e do Direito dos Seguros, assim como peritos médicos internacionais, já que, como refere a Fidelidade "muitas das vítimas regressarão aos seus países de origem antes de consolidada a situação clínica, prosseguindo tratamentos no estrangeiro e exigindo, por isso, perícias médicas internacionais para fundamentar a avaliação do dano corporal".
Neste enquadramento, esta comissão, segundo a Fidelidade, "dispõe de total liberdade para solicitar as informações que entenda necessárias à prossecução do seu trabalho, competindo-lhe pronunciar-se sobre as propostas de indemnização que venham a ser apresentadas pela Fidelidade e formular recomendações fundamentadas sobre as mesmas".
Sem prejuízo de “manter a decisão final sobre as indemnizações”, a Fidelidade “compromete-se a acolher as recomendações da Comissão, reforçando a transparência, a equidade e a confiança em todo este processo”, aponta o comunicado.