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Focado na expansão, grupo José de Mello cresce em todos os negócios e gera um lucro de €92 milhões

Destacando o desempenho "positivo" dos todos os negócios da José de Mello, Salvador de Mello apresentou esta quarta-feira um lucro anual a crescer 59% para 92 milhões de euros, com o forte contributo da CUF Saúde e da Bondalti

Salvador de Mello é o presidente do grupo José de Mello.

O grupo José de Mello mantém como propósito "promover os negócios do grupo a partir de Portugal" e está "focado no longo prazo", afirmou o presidente executivo do grupo, Salvador de Mello, num encontro com jornalistas para apresentação dos resultados de 2022.

A José de Mello obteve resultados líquidos consolidados de 92 milhões de euros em 2022, um aumento de 59% face ao ano anterior - valor para o qual contribuiu a Brisa, onde o grupo detém quase 17%. Os proveitos subiram 20% para 1255 milhões de euros, e o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) registou subiu 39% para 192 milhões de euros - ambos os indicadores excluem a Brisa.

Salvador de Mello destacou os "resultados positivos" da José de Mello em 2022, sublinhando que "reforçou a criação de emprego" no ano que passou e "robusteceu a estrutura de capitais", tudo isto num "contexto de incerteza, inflação e subida das taxas de juro". 2022 foi um "bom ano" para o grupo em todos os seus negócios, sintetizou.

O grupo consolida a CUF (65,85%), a Bondalti (100%), a José de Mello Residências e Serviços (70%). A Ravasqueira, empresa de vinhos detida a 100% pela família, vai passar a ser consolidada este ano. A Brisa, onde a José de Mello detém 16,7%, tem apenas uma contribuição para o resultado líquido.

Investimentos aceleram, a dívida já não limita estratégia

“Estes resultados foram alcançados com níveis de investimento muito relevantes”, salientou Salvador de Mello. O investimento aumentou cerca de 50%, para 159 milhões de euros, e serviu para reforçar os investimentos atuais.

"Uma área em que investimos significativamente foi na saúde", sublinhou o gestor, apontando os investimentos no Porto, em Santarém e nos Açores. A CUF investiu 58 milhões de euros em 2022, a Bondalti 18 milhões, e para o grupo Brisa a contribuição foi de 79 milhões.

Salvador de Mello salienta os investimentos feitos pela Bondalti nas novas tecnologias na área química, e na Brisa houve investimentos na melhoria da rede e na área da mobilidade.

Luís Goes, o administrador financeiro, admite que os montantes de investimento voltarão a subir em 2023, porque o grupo está num processo de expansão, mas não quis "apontar números mágicos". O gestor avança: “o que temos pela frente são sempre números significativos, na medida em que é necessário continuar a investir. (...). Mas não há um número fechado e mágico”. Luís Goes sublinha, no entanto, o facto de estarmos num contexto de grande incerteza, em termos de inflação e de subida das taxas de juro.

O grupo terminou o ano passado com 14.813 trabalhadores em permanência, 13.708 na CUF e 746 na Bondalti. "Fazemos uma gestão muito ativa do talento. (...) Temos vindo a apostar na criação de emprego e no investimento", reforçou Salvador de Mello.

A dívida consolidada do grupo era de 917 milhões de euros no final de 2022. São dívidas de médio e longo prazo. Depois de no passado ter sido um peso na estratégia do grupo, hoje já não é, assegura Salvador de Mello.

"A dívida deixou de ser tema para o grupo José de Mello", diz o mesmo responsável, salientando que "não condiciona o grupo estrategicamente". Luís Goes, por seu lado, defende que há uma redução permanente e sustentável da dívida, salientando que está num valor confortável face aos ativos do grupo.


Apostar mais no negócio dos vinhos

A Ravasqueira, o negócio dos vinhos ligado à família Mello, vai passar a ser integrada no grupo empresarial, um sinal de que o objetivo é crescer. Representa para já uma parcela pequena dos negócios. Luís Goes admite que o objetivo é crescer no setor dos vinhos, numa combinação de crescimento orgânico e por aquisição.

"A Ravasqueira cresceu muito nos últimos quatro a cinco anos", afirmou. O plano é crescer uma perspetiva nacional e internacional e não se cingir apenas à região do Alentejo, onde a Ravasqueira tem vinhas.

Salvador de Mello explica que a José de Mello está sempre atenta a oportunidades que existam para investir. "Estamos atentos às oportunidades mas não estamos com um sentido de urgência".

CUF beneficia da sua qualidade, não da fuga do SNS

Sem querer entrar em detalhes, Salvador de Mello disse também que o bom desempenho da CUF é fruto da qualidade das equipas de saúde e da gestão, e nega que o grupo esteja a beneficiar do estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que leva a que cada vez mais pessoas recorram aos serviços de saúde privados.

"Não faço uma ligação direta ou de soma nula entre o SNS e o crescimento da CUF", afirmou Salvador de Mello. Admitiu ainda: "Vejo a decisão de nomear um responsável para o SNS de forma muito positiva".

E o gestor defendeu que a concorrência é bem-vinda. "Em todas as empresas em que estamos valorizamos a concorrência (...). É uma forma de nos valorizar. A concorrência não nos condiciona".

A consolidação vai aumentar? Salvador de Mello defende que sim. "O setor tem vindo a consolidar-se e penso que irá continuar assim". E esclareceu que o setor da saúde é estratégico para a José de Mello.