Energia

Lucro da Galp no primeiro trimestre cresce 35%, para €337 milhões

Num trimestre marcado pela descoberta de petróleo na Namíbia, a Galp viu o seu resultado líquido crescer a dois dígitos, impulsionado pelo bom desempenho das áreas de produção de petróleo e gás e de refinação

Produção de petróleo no Brasil é hoje o motor dos ganhos da Galp
Foto D.R.

A Galp Energia alcançou nos primeiros três meses deste ano um lucro de 337 milhões de euros, mais 35% do que o registado no mesmo período do ano passado, revelou a petrolífera esta terça-feira em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O crescimento foi impulsionado principalmente pelas áreas de exploração e produção de petróleo (upstream) e pela refinação, cujos resultados no primeiro trimestre melhoraram, ao contrário das divisões comercial e de renováveis.

No upstream o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subiu 8% em termos homólogos, para 591 milhões de euros, enquanto a divisão industrial (onde se inclui a refinação) registou um aumento de 34% do EBITDA, para 314 milhões de euros.

Apesar de uma ligeira redução na produção de petróleo no Brasil (devido a operações programadas de manutenção), a Galp beneficiou de um aumento no preço do petróleo face ao primeiro trimestre do ano passado. Na refinação, a margem recuou em termos homólogos (embora permanecendo em valores elevados, de 12 dólares por barril), mas os volumes processados pelo grupo aumentaram em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

Já a área comercial viu o EBITDA encolher 9%, para 64 milhões de euros (a Galp salienta a queda na venda de produtos petrolíferos, em especial a clientes empresariais em Espanha), ao passo que o negócio de renováveis teve uma queda do resultado de 75%, para 9 milhões de euros, num trimestre marcado por preços grossistas de eletricidade particularmente baixos (o que afetou em especial as empresas expostas aos preços do mercado, como é o caso da Galp).

“O primeiro trimestre continua a demonstrar a tendência positiva da nossa execução operacional”, comentou o presidente executivo da Galp, Filipe Silva, citado no comunicado. O gestor salientou ainda a importância da descoberta petrolífera na Namíbia, que deverá “apoiar o perfil de crescimento da Galp nas próximas décadas”, à medida que o grupo irá “gradualmente reduzir a intensidade carbónica” dos seus negócios.

No final do primeiro trimestre a Galp tinha uma dívida líquida de 1,5 mil milhões de euros (12% acima do que registava há um ano), mas mantendo um rácio de dívida face ao EBITDA de 0,4 vezes.

O investimento líquido realizado de janeiro a março ascendeu a 310 milhões de euros (canalizado sobretudo para o Brasil e a Namíbia), quase o triplo do efetuado em igual período de 2023.

Na apresentação enviada à CMVM que acompanha o comunicado de resultados, a Galp indica esperar que a sua produção petrolífera este ano mantenha uma média diária superior a 115 mil barris, num ano marcado pela conclusão do desinvestimento em Angola (no segundo trimestre) e pelo avanço do projeto petrolífero Bacalhau, no Brasil.

Nas renováveis, a Galp espera conseguir este ano instalar 200 megawatts (MW) de nova capacidade, dos quais 100 MW já operacionais no segundo trimestre.

O grupo trabalha ainda com um conjunto de pressupostos, como o de um preço do petróleo de 80 dólares por barril (está atualmente acima desse valor) e uma margem de refinação de 8 dólares por barril (o valor atual também é superior), bem como um preço de venda da sua energia solar de 50 euros por megawatt hora (nos primeiros quatro meses do ano o preço grossista foi inferior).