O advogado António Lobo Xavier, que, entre outras funções, integra o Conselho de Estado, perfila-se como próximo presidente do Conselho Geral e de Supervisão (CGS) da EDP, ocupando a partir de abril as funções que até aqui eram desempenhadas por João Talone. A assembleia geral da EDP para eleger os novos órgãos sociais está agendada para 10 de abril.
Na terça-feira o jornal digital “Eco” avançou que Lobo Xavier foi o nome escolhido pelos principais acionistas da EDP, nomeadamente a China Three Gorges (participação de 20,86%) e a Oppidum, da família Masaveu (6,82%), para vir a liderar o CGS da elétrica. Esta quarta-feira o “Eco” revelou também que Lobo Xavier havia apresentado a renúncia às funções na sociedade de advogados Morais Leitão, à qual está ligado há vários anos.
Contactado pelo Expresso, António Lobo Xavier não quis fazer comentários, mas admitiu a renúncia na sociedade de advogados. A Morais Leitão confirma-o. “António Lobo Xavier apresentou a renúncia a sócio, e consequentemente cessará a sua atividade profissional na Morais Leitão”, indicou fonte oficial da sociedade de advogados, confirmando que a saída tem efeitos imediatos.
Lobo Xavier é sócio daquela firma desde 2006 e há vários anos que integra os órgãos sociais de outras empresas, como o BPI e a NOS. É membro do Conselho de Estado desde 2016, por indicação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao longo de vários anos o Conselho Geral da EDP contou com vários ex-políticos (Lobo Xavier foi deputado entre 1983 e 1996), mas no último mandato os acionistas da elétrica aprovaram uma recomposição dos órgãos sociais emagrecendo o CGS e procurando outros perfis, menos políticos, para esse órgão.
Pela presidência do CGS já passaram antigos governantes, como Eduardo Catroga e Luís Amado. João Talone, que havia sido presidente da empresa até 2006, antes da entrada de António Mexia, regressou à EDP em 2021 para liderar o CGS. Nessa função auferiu em 2022 uma remuneração bruta de 515 mil euros (as remunerações de 2023 não foram ainda publicadas), uma das mais altas remunerações de não executivos das empresas portuguesas cotadas em bolsa.
Antes de Lobo Xavier houve rumores sobre outros potenciais convidados para a presidência do CGS, incluindo Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto.