Energia

Angola anuncia saída da OPEP devido a limites à produção

João Lourenço garante tratar-se de uma decisão governamental. “Sentimos que neste momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização”, disse

ISSOUF SANOGO/GETTY

Angola anunciou esta quinta-feira a sua saída da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), disse o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás angolano, Diamantino Pedro Azevedo.

A informação foi transmitida pelo governante à margem da décima reunião ordinária do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente angolano, João Lourenço, dando conta que esta foi uma decisão governamental.

“Sentimos que neste momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização e, em defesa dos seus interesses, decidiu sair”, afirmou hoje Diamantino Pedro Azevedo, em declarações aos jornalistas, no Palácio Presidencial, em Luanda.

Argumentou que esta foi uma decisão do Conselho de Ministros e que a mesma “não foi tomada de ânimo leve”, considerando que não faz sentido estar numa organização cujos resultados não sirvam os interesses de Angola.

“Esta não foi uma decisão tomada assim de ânimo leve, nós nos últimos seis anos temos sido bastante ativos na organização, e assim chegou o momento porque o nosso papel na organização não era relevante”, justificou.

De acordo com Diamantino Pedro Azevedo, Angola é um país que quando tem assento numa organização internacional gosta de apresentar as suas contribuições “e dessa contribuição ver resultados que sirvam” os seus interesses.

“Quando isto não acontece, passamos a ser redundantes nessa organização e não faz sentido estarmos presentes, mas isto não retira o nosso respeito pela organização”, salientou.

Recordou que Angola teve uma participação ativa e contundente na OPEP, “inclusive fazendo propostas para que a organização pudesse até incluir no seu seio outras dimensões”.

“E achamos que chegou o momento de nos concentrarmos mais nas nossas estratégias, objetivos e metas para o nosso setor de hidrocarbonetos e assim deixarmos a organização para que essa continue no seu percurso que tem sido importante na estabilidade dos preços no mercado internacional”, acrescentou.

O governador de Angola na OPEP disse que Luanda, no princípio deste mês de dezembro, que rejeitou a quota atribuída pelo cartel, que previa uma redução, e vai manter a meta de 1.180 mil barris por dia para 2024.

Em declarações à Lusa, no final da 36.ª reunião ministerial desta organização de 23 países, em que foram deliberadas as quotas de produção para os seus membros a partir de 01 de janeiro de 2024, Estêvão Pedro disse que Angola não concordava com a decisão.

"Nós já tínhamos apresentado os nossos dados, tendo em conta as capacidades do país, mas, entretanto, a decisão (da OPEP+) foi contra o montante que nós prevíamos", sublinhou.

A OPEP+ apresentou uma meta de 1.110 mil barris/dia, enquanto Angola quer produzir mais 70 mil barris.

Segundo o responsável, durante a reunião, Angola reafirmou a sua posição, mas ao contrário da unanimidade que tem sido habitual, a OPEP decidiu uma quota na qual Angola não se revê.