Andy Riley lidera a área de desenvolvimento de eólicas offshore da Crown Estate Scotland, entidade estatal escocesa responsável por gerir património imobiliário público mas também as áreas marítimas destinadas à produção de energia limpa ou a projetos de aquacultura, por exemplo. Riley esteve em Lisboa este mês, para um encontro com o grupo de trabalho que em Portugal se tem debruçado sobre a organização do primeiro leilão no país para projetos eólicos no mar.
Na sua passagem por Portugal, dias depois da demissão do primeiro-ministro, António Costa, o responsável escocês falou ao Expresso sobre a experiência do seu país (onde a EDP já tem um forte investimento em curso, através da Ocean Wind, com a francesa Engie), e os cuidados que Portugal deve ter ao preparar um leilão.
Na Escócia a Crown Estate levou praticamente cinco anos para preparar e concluir o seu primeiro leilão. A licitação conhecida como Scotwind começou a ser desenhada em 2017, implicou a preparação de um plano marítimo, que ficou pronto em 2019, e depois passaram quase três anos para montar e concretizar o leilão, fechado em janeiro de 2022.
“O Scotwind foi muito complexo e desafiante. Há 27 GW de projetos. A oportunidade está aí. Vimos uma crescente colaboração entre promotores e dentro da indústria. Reconheceram a escala da missão e o facto de que ninguém o conseguiria fazer sozinho, daí a necessidade de cooperação”, afirmou Andy Riley.
O governo escocês assegurou contrapartidas iniciais de 755 milhões de libras por parte dos consórcios vencedores, pelos direitos a explorar durante 10 anos as áreas marítimas licitadas (para estudos e testes, e processos de licenciamento). As empresas poderão depois, se conseguirem financiar e construir os projetos, continuar a explorá-las, mediante contratos que implicarão o pagamento de uma renda à Crown Estate.
Entretanto, o Governo português já indicou ter recebido manifestações de interesse de meia centena de empresas, com as quais tenciona reunir-se em janeiro. Mas a queda do Governo, com eleições antecipadas marcadas para 10 de março, introduz um ponto de interrogação sobre quando irá Portugal avançar, de facto, com o leilão.