O presidente do grupo CME, José Reis Costa, considera excessiva a possibilidade de o primeiro leilão de energia eólica offshore em Portugal abranger uma potência de 2 gigawatts (GW). “Parece-me que no estado atual licitar 2 GW é demais”, afirmou o gestor durante a conferência anual da Associação Portuguesa da Energia, esta quinta-feira.
No encontro, o mesmo responsável recomendou ao Governo que adie por algum tempo a licitação. “Eu atrasaria o leilão”, afirmou José Reis Costa, admitindo, contudo, que o seu grupo empresarial está interessado no procedimento.
A CME, a sua participada Tecneira e o grupo Cobra integram um agrupamento que participou nas consultas públicas promovidas pelo Governo para preparar o primeiro leilão eólico offshore.
“Estamos a olhar para o leilão, temos um consórcio internacional, estamos muito atentos”, contextualizou José Reis Costa. Mas o gestor lamentou que ainda pouco se saiba sobre o modelo do leilão, mesmo depois de o primeiro-ministro ter revelado que ainda no corrente mês de outubro será aberta uma janela para manifestações de interesse no leilão, que será uma antecâmara para a licitação propriamente dita.
“Não se sabe nada relativamente ao modelo do leilão”, afirmou José Reis Costa.
O mesmo responsável alertou que a conjuntura é negativa para a realização de leilões para projetos eólicos offshore, sobretudo depois de a mais recente licitação no Reino Unido ter ficado deserta.
José Reis Costa salientou que há problemas na cadeia de abastecimento e que “a inflação dos equipamentos [para eólicas no mar] ronda os 40%”, o que está a encarecer o custo dos novos investimentos, aumentando o preço de venda de energia que os promotores exigirão para participar nos leilões.
Recorde-se que o compromisso do Governo é lançar o primeiro leilão ainda este ano. O Executivo ainda não definiu a dimensão dos lotes a licitar nem o modelo de remuneração que será posto em prática, mas já assumiu ser seu objetivo que o país chegue a 2030 com 2 GW eólicos no mar já em operação. Até esse ano deverão ser lançados leilões para uma capacidade total de 10 GW, ainda que a maior parte dessa potência só deva entrar em operação após 2030.