No mercado petrolífero começa-se já a fazer as contas aos possíveis impactos do agravamento do conflito entre Israel e a Palestina, na sequência do ataque de sábado. Numa avaliação do banco de investimento Goldman Sachs, os analistas, apesar de não anteciparem para já um impacto significativo nos preços, avançam com dois cenários geopolíticos que podem representar alterações nos níveis de produção.
Numa nota de research divulgada no domingo, dia 8 de outubro, o banco de investimento indica que a escalada poderá significar um adiamento da subida da produção saudita, devido à menor possibilidade de um entendimento entre Israel e a Arábia Saudita; tal como uma diminuição mais acentuada do que o previsto da produção de petróleo do Irão num contexto de aumento das tensões no Médio Oriente.
Segundo o Wall Street Journal, numa notícia da última sexta-feira, ”a Arábia Saudita disse à Casa Branca que estaria disponível a aumentar a produção de petróleo no início do próximo ano se os preços do crude estiverem altos - uma medida com objetivo de ganhar boa vontade junto do Congresso para um acordo no qual o reino reconheceria Israel e em troca ganharia um pacto de defesa com Washington, segundo responsáveis sauditas e norte-americanos".
Para o Goldman Sachs, “a escalada do conflito em Gaza reduz a probabilidade de uma normalização de curto-prazo nas relações entre a Arábia Saudita e Israel” - o que torna um eventual aumento da produção mais improvável depois dos ataques de sábado e da retaliação em curso de Israel. No cenário hipotético de um aumento da produção em janeiro, entre 1 milhão e 10 milhões de barris de crude, a previsão do Goldman Sachs para o preço de dezembro de 2024 do barril de Brent seria de 92 dólares.
Mas, dada a cada vez menor possibilidade desse acordo, o banco continua "a presumir que a Arábia Saudita continua a reduzir o corte de produção adicional de 1 milhão de barris por dia, anunciado em junho de 2023 e alargado até dezembro de 2023, apenas gradualmente até ao primeiro trimestre de 2025. Mantemos a previsão de que a produção de crude saudita se manterá estável nos 9 milhões de barris por dia até ao primeiro trimestre de 2024, e depois começar a aumentar em 0,25 milhões de barris por dia a cada trimestre até ao final de 2024”.
A perspetiva de uma produção saudita estável fez com que o Goldman Sachs revisse em alta a previsão anterior para o preço do barril de crude em dezembro de 2024, de 100 dólares por barril para 104 dólares por barril.
O segundo cenário diz respeito ao ritmo de produção do Irão, que aumentou a sua produção de crude no último ano em grande parte graças ao alívio das tensões regionais, avaliam os analistas. Agora, o agravamento da situação na região poderá significar menos crude iraniano nos mercados. Os analistas calculam que, nesse cenário, qualquer redução de 100 mil barris por dia na produção do Irão de 2024 face à previsão-base aumentaria a previsão para o preço do barril de Brent do final do ano em 1 dólar por barril.
“Continuamos a prever que a produção de crude do Irão abrande significativamente e que a produção iraniana apenas aumente ligeiramente de 3,2 milhões de barris por dia em agosto de 2023 para os 3,25 milhões de barris por dia até janeiro de 2024”, ressalvam os analistas.
O Goldman Sachs mantém a sua previsão de que o preço do barril de Brent possa subir para 100 dólares por barril até junho do próximo ano.
Na última sexta-feira o petróleo era transacionado a cerca de 85 dólares. Esta segunda-feira a cotação do crude voltou a subir, reagindo ao ataque do Hamas a Israel no passado sábado, tendo o Brent chegado aos 89 dólares por barril, e aliviado entretanto para cerca de 87 dólares.