As intenções de investimento em projetos na cadeia de valor das baterias a desenvolver em Portugal ascendem a nove mil milhões de euros e poderão criar cerca de sete mil postos de trabalho, revelou esta terça-feira a secretária de Estado da Energia e Clima, Ana Fontoura Gouveia, no Parlamento.
Numa audição na Assembleia da República, em que também participou o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, a secretária de Estado da Energia e Clima avançou os números para os projetos de que o Governo português tem conhecimento, mas não entrou em detalhes sobre as empresas envolvidas.
É já conhecido um conjunto de projetos em diferentes etapas de desenvolvimento, como o da Aurora Lithium (parceria entre a Galp e a Northvolt para processar lítio em Setúbal), o da Savannah (para extrair lítio no Barroso, perto de Boticas), e ainda o da chinesa CALB (para fabricar baterias em Sines).
Embora não tenha detalhado as empresas por trás dos projetos de 9 mil milhões de euros, Ana Fontoura Gouveia indicou aos deputados que o Governo irá “assegurar um direito de preferência para a indústria local”, procurando que os projetos que venham a ser desenvolvidos em Portugal na cadeia de valor das baterias criem valor acrescentado no país.
A secretária de Estado da Energia e Clima falava em resposta a um conjunto de questões dos deputados, na segunda ronda da audição, que incluíram preocupações relacionadas com a exploração de lítio em Boticas.
Ana Fontoura Gouveia defendeu que “a extração responsável e sustentável destes recursos cria emprego na região, gera impostos nos municípios e royalties, e gera a possibilidade de desenvolver uma cadeia de valor”.
Na audição outra preocupação dos deputados foi o processo de criação de capacidade eólica no mar. O deputado Duarte Alves, do Partido Comunista Português, insistiu, mais do que uma vez, na necessidade de proteção dos pescadores, que serão afetados pelas restrições associadas aos parques eólicos offshore.
A secretária de Estado da Energia e Clima assegurou que essa é também uma preocupação do Governo, que manteve 13 reuniões com o setor das pescas no âmbito do desenvolvimento dos projetos para os primeiros leilões de eólicas no mar.
Segundo o Governo, as áreas de estudo para as eólicas no mar correspondem a 0,65% da zona económica exclusiva portuguesa. “Mas não teremos toda esta área coberta de torres flutuantes”, sublinhou Ana Fontoura Gouveia, acrescentando que “todos os projetos serão sujeitos a avaliação de impacto ambiental”.
Nas respostas aos deputados a governante indicou ainda que a estratégia revista de combate à pobreza energética será publicada “este verão”. O relançamento da iniciativa Vale Eficiência (de apoios às famílias para despesas com eficiência energética) está previsto para “as próximas semanas”, e de acordo com Ana Fontoura Gouveia irá melhorar o acesso da população aos apoios, aumentar o valor dos apoios e “garantir a elegibilidade das casas arrendadas” (até aqui estava acessível apenas a proprietários).