Energia

Portugal e Noruega unem esforços com acordo entre centros de teste para tecnologias renováveis no mar

O centro português de energias renováveis marinhas Wavec e o centro norueguês de testes para eólicas offshore MET Centre assinaram um memorando de entendimento para explorarem oportunidades de cooperação
Windfloat Atlantic está operacional desde 2020, ao largo de Viana do Castelo.
D.R.

O Wavec, centro português de desenvolvimento e teste de energias renováveis no mar, e o norueguês MET Centre (Marine Energy Test Centre), especializado no teste de equipamentos eólicos flutuantes, estabeleceram um memorando de entendimento para trabalharem conjuntamente no desenvolvimento de novas soluções de energia limpa.

O memorando foi assinado na sequência da visita a Portugal do consórcio Norwegian Offshore Wind, que representa mais de 360 empresas norueguesas ligadas ao negócio eólico no mar.

“Este ano o mercado português de facto ganhou velocidade, no que parece ser um grande arranque. Ao mesmo tempo, estamos na Noruega a avançar com os nossos projetos eólicos offshore. Os dois países têm muitas semelhanças, que apelam a uma cooperação estreita entre as empresas de energia eólica offshore, e este memorando é um importante primeiro passo”, comentou, em comunicado, o diretor do MET Centre e da Norwegian Offshore Wind, Arvid Nesse.

Um dos objetivos do centro norueguês é aproveitar a experiência do Wavec na gestão da zona de testes de Aguçadoura, ao largo da Póvoa de Varzim, para facilitar projetos de demonstração noruegueses no Atlântico.

“A cadeia de abastecimento norueguesa está a começar a ter acesso a substanciais oportunidades de negócio neste mercado emergente, e um memorando como este realmente abre portas”, acrescentou, no mesmo comunicado, Einar Tollaksvik, diretor da empresa Saga Subsea e coordenador do grupo de trabalho da Norwegian Offshore Wind para o mercado português.

Já Marco Alves, presidente executivo do Wavec, comentou que as duas entidades irão agora “trabalhar em projetos de interesse comum”, promovendo a “partilha de competências”, que será “essencial para acelerar o desenvolvimento deste setor”.

O Wavec nasceu em 2003 como uma associação sem fins lucrativos criada para promover a energia das ondas (o nome vem de Wave Energy Centre), mas em 2013 alargou o seu âmbito às renováveis marinhas em geral.

Portugal está a preparar um leilão eólico offshore, a lançar ainda este ano, para instalar 10 gigawatts (GW) nesta tecnologia. Foram já identificadas cinco áreas que poderão vir a ser licitadas, cujas características foram apresentadas num documento que está de momento em consulta pública.

O país já tem em operação um parque eólico no mar. O Windfloat Atlantic, com três torres flutuantes, opera desde 2022. Com 25 megawatts (MW), é um projeto em fase pré-comercial, que tem servido para testar a viabilidade das soluções flutuantes, depois de um projeto de demonstração com uma só torre e um aerogerador de 2 MW.

Devido à maior profundidade de água (por comparação com grande parte das regiões marítimas dos países do centro e norte da Europa), Portugal é tido como um mercado onde a maior parte da futura capacidade eólica no mar terá estruturas flutuantes (em vez de estruturas fixas ao leito marinho).

Esse tipo de estruturas tornam estes projetos mais caros do que as eólicas marinhas fixas. Um dos desafios da indústria é o de massificar a produção de equipamentos para eólicas flutuantes e encontrar soluções economicamente viáveis para pôr em marcha projetos de escala comercial.