O mercado imobiliário a nível mundial sofreu um forte abalo com a crise económica de 2008 e o mercado português não conseguiu escapar à mesma. De acordo com o estudo Marketbeat Portugal Outono 2010, realizado pela consultora Cushman & Wakefield, em 2009, a procura de escritórios na zona da grande Lisboa atingiu valores semelhantes aos registados em 2003, aproximadamente metade dos valores verificados no ano de 2008.
Esta crise não atingiu exclusivamente o mercado dos escritórios. Em relação ao setor do retalho, no primeiro semestre apenas foi inaugurado um centro comercial, o Leiria Shopping, enquanto no segundo semestre estão previstas apenas duas inaugurações, o Barreiro Retail Planet e o Liberdade Street Fashion em Braga, sendo que este reduzido número de inaugurações representa um mínimo histórico neste setor. No entanto estes dados não são considerados alarmantes, dado que os mesmos também representam a maturidade do setor a nível nacional.
Este estudo para além dos vários setores imobiliários, como o retalho, escritórios e indústria, tem também dados sobre o investimento em Portugal, parte interessante para quem possui unidades de participação em fundos de investimento imobiliário. A principal conclusão a retirar dos dados recolhidos pela Cushman & Wakefield é que a liquidez dos Fundos de Investimentos Imobiliários (FII) abertos, os que se encontram disponíveis para subscrição pelos investidores particulares, têm visto a sua liquidez aumentar, tendo atingido em Maio de 2010 um valor próximo de 9%, a comparar com um valor próximo de 1% em Setembro de 2008.
A contribuir para este aumento de liquidez esteve o aumento na subscrição de unidades de participação pelos investidores, que foram atraídos por estes fundos devido à resistência com que os mesmos enfrentaram a crise nos mercados financeiros. Analisando as rendibilidades anualizadas nos últimos três anos, verifica-se que apenas um FII tem uma rendibilidade negativa, em onze, enquanto todos os fundos de investimento mobiliário em ações nacionais apresentam rendibilidades negativas. Esta resistência e o aumento da poupança que se verifica em tempos de crise levaram os investidores a optar por investir em FII abertos.
Esta liquidez poderá ser aproveitada pelos FII para realizarem novos investimentos, aproveitando a descida de preços que se verificou entre em 2007 e 2009. Embora se tenha verificado um aumento nos valores dos imóveis de 2009 em diante, os mesmos continuam bastante mais baixos que os verificados em 2007. O volume de negócios realizado no primeiro semestre de 2010 foi semelhante ao verificado em 2009, com a particularidade de 70% dos negócios do semestre terem sido efetuados no primeiro trimestre. Não são esperadas grandes melhorias no mercado imobiliário até Outubro de 2010 ou Janeiro de 2011, altura em que poderão ser revelados novos dados sobre a saúde da economia financeira portuguesa, dados fundamentais para os investidores estrangeiros.