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Do convento para os dois dígitos

O Fortis OBAM Equity World é o exemplo de que a antiguidade é um posto. Que o digam os 23 por cento de lucro em 2007 conseguidos por um gestor que agarrou o cargo em 1989

Do convento para os dois dígitos

Nuno Alexandre Silva

Em Portugal há quase 2000 fundos de investimento que querem o seu dinheiro, mas poucos misturam o improvável: freiras com lucros. O Fortis OBAM Equity World junta a análise da gestora belga Fortis Investments com a estratégia OBAM, criada em 1936 para proteger o dinheiro das freiras francesas na Holanda. Se até aqui o percurso deste fundo já é invulgar pela simbiose entre religião e capitalismo, os números de rendibilidade no ano passado adornam ainda mais a história, já que o fundo teve uma subida de 23,18 por cento, 7 por cento acima do segundo melhor fundo de acções do mundo.

Para aumentar o número de curiosidades, a sociedade gestora OBAM (iniciais neerlandesas para "sociedade de administração e investimento mútuo"), adquirida pelo Fortis em 1998, só teve 4 responsáveis em 50 anos e Rolf Stout, o actual gestor, está aos comandos desde 1989. Mas o que está por detrás dos ganhos num ano em que as perdas assolaram quase todas as sociedades gestoras? A carteira do fundo está dividida entre um bloco estratégico de acções de grande capitalização, que são detidas para o longo prazo, e uma subcarteira que vai investindo em acções no médio prazo em temas especíicos como os actuais: China, Coreia do Sul, Indonésia, energias alternativas e materiais. Para Rolf Stout "a forte escolha de acções para a carteira temática alavancou o desempenho nos últimos anos", justificando ainda os bons resultados do fundo com a aposta na Ásia, com excepção do Japão, e matérias-primas.

Ao todo, são cerca de 200 acções que nunca chegam a representar individualmente 6 por cento do total da carteira e que estão espalhadas um pouco por todo o globo, como mostram as maiores posições do fundo que vão desde a tecnológica norte-americana MEMC Electronic Materials até à coreana Hyundai Heavy Industries, passando por uma das maiores empresas de extracção mineira, a brasileira Companhia Vale do Rio Doce. "As acções são escolhidas pelos seus méritos e não em função do peso nos índices", explica Rolf Stout, para quem as convicções são também uma arma importante neste processo de selecção.

A entrada em 2008 foi penalizadora para os ganhos assim como para a generalidade dos fundos da sua classe - perdeu 11 por cento no último mês - e estes foram tempos de reposicionamento das apostas do Fortis OBAM World Equity. Mantêm-se as apostas no Extremo Oriente e a exposição aos Balcãs, através de empresas de países desenvolvidos, mas há sectores que vão ter menor posição na carteira, como os serviços financeiros. Materiais, energia e indústria continuam a ser a tríade sectorial para aumentar os 1,4 mil milhões de euros investidos num fundo que é comercializado em Portugal pelo Banco Best.

Portefólio das "freiras"

A diversificação regional da Coreia ao Brasil salta à vista

Acção Peso na carteira
MEMC Electronic Materials 2,84%
ALAPIS 2,68%
ABB 2,44%
Companhia Vale do Rio Doce 2,31%
Hyundai Heavy Industries 2,13%
Fonte: Fortis. 31 de Dezembro de 2007