Em Portugal há quase 2000 fundos de investimento que querem o seu dinheiro, mas poucos misturam o improvável: freiras com lucros. O Fortis OBAM Equity World junta a análise da gestora belga Fortis Investments com a estratégia OBAM, criada em 1936 para proteger o dinheiro das freiras francesas na Holanda. Se até aqui o percurso deste fundo já é invulgar pela simbiose entre religião e capitalismo, os números de rendibilidade no ano passado adornam ainda mais a história, já que o fundo teve uma subida de 23,18 por cento, 7 por cento acima do segundo melhor fundo de acções do mundo.
Para aumentar o número de curiosidades, a sociedade gestora OBAM (iniciais neerlandesas para "sociedade de administração e investimento mútuo"), adquirida pelo Fortis em 1998, só teve 4 responsáveis em 50 anos e Rolf Stout, o actual gestor, está aos comandos desde 1989. Mas o que está por detrás dos ganhos num ano em que as perdas assolaram quase todas as sociedades gestoras? A carteira do fundo está dividida entre um bloco estratégico de acções de grande capitalização, que são detidas para o longo prazo, e uma subcarteira que vai investindo em acções no médio prazo em temas especíicos como os actuais: China, Coreia do Sul, Indonésia, energias alternativas e materiais. Para Rolf Stout "a forte escolha de acções para a carteira temática alavancou o desempenho nos últimos anos", justificando ainda os bons resultados do fundo com a aposta na Ásia, com excepção do Japão, e matérias-primas.
Ao todo, são cerca de 200 acções que nunca chegam a representar individualmente 6 por cento do total da carteira e que estão espalhadas um pouco por todo o globo, como mostram as maiores posições do fundo que vão desde a tecnológica norte-americana MEMC Electronic Materials até à coreana Hyundai Heavy Industries, passando por uma das maiores empresas de extracção mineira, a brasileira Companhia Vale do Rio Doce. "As acções são escolhidas pelos seus méritos e não em função do peso nos índices", explica Rolf Stout, para quem as convicções são também uma arma importante neste processo de selecção.
A entrada em 2008 foi penalizadora para os ganhos assim como para a generalidade dos fundos da sua classe - perdeu 11 por cento no último mês - e estes foram tempos de reposicionamento das apostas do Fortis OBAM World Equity. Mantêm-se as apostas no Extremo Oriente e a exposição aos Balcãs, através de empresas de países desenvolvidos, mas há sectores que vão ter menor posição na carteira, como os serviços financeiros. Materiais, energia e indústria continuam a ser a tríade sectorial para aumentar os 1,4 mil milhões de euros investidos num fundo que é comercializado em Portugal pelo Banco Best.
Portefólio das "freiras"
A diversificação regional da Coreia ao Brasil salta à vista
Acção | Peso na carteira |
MEMC Electronic Materials | 2,84% |
ALAPIS | 2,68% |
ABB | 2,44% |
Companhia Vale do Rio Doce | 2,31% |
Hyundai Heavy Industries | 2,13% |
Fonte: Fortis. 31 de Dezembro de 2007 |