ARQUIVO Seguros

Um mal necessário

Viajar pelo lado direito nem sempre é suficiente para evitar um infortúnio na estrada. Os seguros são o meio utilizado para atenuar danos maiores de um acidente. Atenção!Antes de escolher a seguradora, compare os preços: a diferença dos prémios a pagar chega aos 70 por cento

Um mal necessário

Luís Leitão

Actualmente contam-se no mercado português mais de uma trintena de seguradoras a oferecerem-se para segurar o seu automóvel. Não de graça, claro, mas por um prémio anual que, segundo os últimos dados do Instituto de Seguros de Portugal, corresponde a uma despesa média de 350 euros.

No entanto, a chegada das seguradores online tem contribuído para baixar esta fasquia. A sua estrutura de custos fixos bem mais reduzidos que as companhias tradicionais permite-lhes oferecer o mesmo serviço por um preço mais baixo e com maior comodidade.

A partir de casa, conectando-se ao sítio ou através de um serviço telefónico destas companhias low-cost, os condutores podem subscrever, quase na hora, uma apólice para o seu automóvel: rápido e barato. O senão? Qualidade no atendimento.

Enquanto no caso das companhias tradicionais o processo de subscrição da apólice é geralmente feito sob o acompanhamento de um mediador, no caso das companhias de baixo custo, o seguro automóvel começa e acaba com um telefonema ou com um clique.

Tradicionais vs. low-cost

Perante a lei, a subscrição de um seguro de responsabilidade civil que garanta as indemnizações devidas por danos pessoais e materiais causados a terceiros, bem como às pessoas transportadas, com excepção do condutor, é obrigatório para todos os veículos motorizados.

Na maioria das seguradas, o pacote mais barato apenas cobre a responsabilidade civil por danos materiais e corporais no valor de 1,8 milhões de euros, assistência-base em viagem e ainda protecção jurídica.

Utilizando como ponto de partida estas modalidades, a Carteira realizou várias simulações junto de 4 das maiores seguradoras tradicionais - Allianz, Fidelidade-Mundial, Império-Bonança e Tranquilidade - e das 5 companhias online - Logo, N Seguros, Ok! Teleseguro, Seguro Directo, Seguros Continente e Sempre Seguros - para os modelos mais vendidos em 2007 dos 8 segmentos de veículos, para 7 perfis de condutores e todos eles sem qualquer sinistro desde que obtiveram a carta de condução.

As conclusões foram claras: as seguradoras de baixo custo oferecem prémios, em média, 32 por cento mais baixos que as companhias tradicionais e a N Seguros, do grupo Banco Português de Negócios, é a campeã dos preços baixos, batendo a concorrência em todas as classes de veículos ligeiros de passageiros.

Jovens cosmopolitas

A falta de experiência sai cara: quanto mais jovem e menos experiência de condução tiver, maior será o prémio a pagar à seguradora. O risco de acontecer um acidente é bastante elevado e, por isso, as seguradoras cobram prémios mais elevados. Por essa razão, muitos jovens adiam o primeiro seguro em seu nome até completarem 5 anos como condutores. Até lá, colocam o seguro automóvel em nome dos pais.

Utilitário para todas as ocasiões

A experiência ao volante ainda não é muita e por isso algumas seguradoras ainda fazem valer caro a idade jovial. De tal forma que a discrepância nos prémios entre a oferta mais barata e a mais cara na gama de veículos da classe B (inferiores) recolhidas pela Carteira, com base no Opel Corsa 1.2 Enjoy, foi de 62 por cento, uma diferença que se traduz em 202 euros por ano entre a oferta da N Seguros e a da Tranquilidade.

Família e amigos

O risco da idade deixa de ser uma variável negativa no cálculo do prémio. Com carta de condução há mais de 12 anos e sem sofrer qualquer sinistro desde então, o risco para a seguradora é substancialmente inferior aos casos anteriores. Todavia, a diferença de prémios mantêm-se. No caso do Renault Mégane, o carro mais vendido em 2007, os prémios começam nos 123 euros oferecidos pela N Seguros e terminam nos 296 euros da Império Bonança



Desportivo para o dia-a-dia

A potência do veículo é só mais uma das variáveis ponderadas pela segu­radora no cálculo do risco. A profissão, o local de residência do condutor e, até, a cor do veículo são variáveis tidas em conta na equação do prémio anual. Mas, no caso dos desportivos, o desempenho do motor ganha maior relevância mas nem por isso justifica um prémio superior aos das classes inferiores. Os prémios variam entre os 149 euros da N Seguros e os 261 euros oferecidos pela Allianz, a melhor oferta das segurados tradicionais neste segmento.

Condutores de fato e gravata

No segmento superior, as diferenças nos prémios já não se fazem sentir com tanto impacte nos bolsos dos condutores. No caso do BMW 520d Berlina, de 5 portas, com 163 cavalos, considerado o carro "executivo do ano", o diferencial entre o prémio mais barato e o mais caro é de 150 euros. Porém, neste segmento, essa diferença monetária é geralmente ultrapassada pelos serviços extras que cada companhia oferece e nem sempre a opção mais barata é a preferida.

Luxo com muita classe

O pacote de seguros mais completo é muitas vezes o escolhido pelos con­dutores deste segmento. Às coberturas obrigatórias, junta-se a protec­ção de ocupantes e do condutor, assistência em viagem com veículo de substituição, cobertura contra quebra de vidros, vandalismo e catástro­fes naturais. Nestes pacotes, facilmente o prémio a pagar ultrapassa os 1500 euros. Todavia, para os automobilistas que queiram poupar o mais que puderem, a solução deve voltar a recair para a oferta da N Seguros.

Um segmento à parte

A passagem da estrada para a terra batida faz-se com grande naturali­dade ao volante de um SUV, mas nem por isso o pagamento do prémio do seguro ao final do ano é mais suave. Nas simulações recolhidas pela Car­teira para um Nissan Qashqai 4x2 1.5d, carro do ano de 2008, os valores circularam entre uma média de 191 euros cobrados pelas seguradoras "low-cost" e os 288 euros oferecidos pelas seguradas tradicionais.

Grandes famílias

O número de monovolumes a circularem nas estradas portuguesas tem aumentado ano após ano. Maiores que os tradicionais automóveis estes veículos são as escolhas de muitas famílias numerosas. Quase como um incentivo à natalidade, os dados recolhidos pela Carteira revelam que este segmento é o que apresenta menor variação nos prémios. No entan­to, é uma diferença que, no caso do Citroën C4 Grand Picasso, 1.6 Hdi, se traduz em 187 euros entre a oferta mais elevada e a mais baixa.