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Cuidado com a armadilha do crédito

Quase toda a gente tem um cartão de crédito, mas nem todos sabem como usá-lo de forma responsável

Cuidado com a armadilha do crédito

Luís Leitão

Hoje em dia, quase toda a gente carrega na carteira um cartão de crédito, mas muito poucos sabem utilizá-lo de forma moderada e responsável. Para muitos, até que haja plafond para estoirar em roupa, sapatos, férias e todo o tipo de "bugigangas", tudo vale. O problema é quando chega a data de fecho do extracto do cartão: a hora do pagamento. Para os mais irresponsáveis, a situação resolve-se facilmente pagando apenas o montante mínimo do valor em dívida. Mas, ao fazê-lo, esquecem-se de um grande pormenor: os juros. Por cada euro em dívida, o banco aplicará uma taxa de juro, normalmente, acima dos 20 por cento. Isto significa que, por cada 100 euros de dívida, terá que, mais tarde ou mais cedo, pagar 120 euros! Assim, caso tenha ido aos saldos e utilizado o seu cartão de crédito para comprar aquele par de sapatos que há tanto desejava com um desconto de 20 por cento, caso não opte por pagar essa "factura" a 100 por cento, fique ciente de que nem os saldos lhe darão uma ajuda. Começar por estabelecer uma séria disciplina no gasto e no pagamento é só o primeiro passo para que, ao final do mês, a utilização do cartão de crédito não deixe escaldado o orçamento familiar.

Manual do utilizador

Disciplina é a palavra chave para todos os utilizadores de cartões de crédito. No gasto e no pagamento é preciso não descurar a responsabilidade porque, mais tarde ou mais cedo, o que gastou terá que pagar. E será melhor que o seja da forma mais económica

  • Custos Costuma dizer-se que um bom negócio faz-se na compra. O mesmo se aplica na escolha de um cartão de crédito: quanto mais barato, melhor. Procure por cartões que não cobram qualquer comissão de emissão, não apenas no primeiro ano, mas em toda a vigência do contrato. Ou então, que o seu custo seja bem justificável.
  • Pagamento Por defeito, os pagamentos dos cartões de crédito constumam estar pelo valor mínimo em dívida. Significa que o utilizador, no final do mês, apenas tem que pagar cerca de 10 por cento do dinheiro que gastou. Se à primeira vista parece ser fantástico, depois de fazer umas contas chega à conclusão que essa modalidade apenas serve para dar mais dinheiro a ganhar ao banco à conta dos juros. Por isso, antes de assinar o contrato de crédito, altere a forma de pagamento para o total do saldo em dívida: tudo o que gastar será pago no final do mês.
  • Utilização O cartão de crédito pode ser uma dor de cabeça para aqueles utilizadores que, sempre que passam em frente de uma loja, sentem-se tentados a comprar tudo o que vêem na vitrine. Mas, para o resto da população, o cartão de crédito, quando utilizado com conta e medida, revela-se numa ferramenta bastante útil para gerir o orçamento familiar e para fazer face a uma situação de emergência.
  • Disciplina Ser titular de um cartão de crédito exige responsabilidade, no gasto e no pagamento. Na hora de gastar, estipule não ultrapassar dois terços do seu rendimento disponível, de forma a chegar ao final do mês com margem suficiente para pagar por inteiro o montante em dívida. No pagamento, tire partido dos dias que o cartão não cobra juros, entre 30 e 50, e garanta que tem sempre dinheiro disponível na sua conta à ordem para pagar a totalidade do saldo em dívida, evitando assim que lhe seja cobrado qualquer juro.
  • Brindes Os brindes que acompanham alguns cartões de crédito apenas servem para distrair o utilizador do que realmente importa: o custo do cartão. A oferta de máquinas de café, iPods, telemóveis, viagens são o mote para o banco lhe vender um cartão que lhe poderá custar o preço destes equipamentos a dobrar. Por isso, preocupe-se primeiro com as comissões e com a taxa de juro que o cartão oferece e, só depois, olhe para os brindes.
  • Privilégios De que vale ter um cartão de crédito que lhe oferece um seguro de vida em viagens de avião, se raramente voa? Ou isenção de taxas em gasolineiras, se não for condutor? Não se deixe levar por estes privilégios. O único privilégio que deve exigir no seu cartão é um serviço anti-fraude de forma a prevenir-se que o "amigo do alheio" use da sua boa vontade.